O banco alemão Deutsche Bank pagou ontem uma indenização de cerca de R$ 47 milhões à Prefeitura de São Paulo como parte de um acordo judicial relativo às investigações sobre desvio de dinheiro de obras públicas para contas mantidas no exterior pela família do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP). Entre 1993 e 1996, ele foi prefeito da capital paulista.

Com o pagamento da indenização, a instituição financeira evita uma ação judicial por negligência por ter sido usada nas movimentações financeiras investigadas, segundo o promotor Sílvio Marques. A investigação do Ministério Público concluiu que o Deutsche Bank ganhou US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,6 milhões) na movimentação de valores das empresas da família Maluf. Ao todo, a Promotoria encontrou US$ 200 milhões (R$ 520 milhões) nas contas do deputado que teriam sido desviados das obras da Avenida Água Espraiada e do Túnel Ayrton Senna. O acordo foi fechado em fevereiro e homologado pela Justiça em outubro.

- Não se trata de (repatriar) dinheiro desviado, mas de uma indenização pelo fato de o banco ter recebido recursos desviados - disse Marques.

Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), os recursos serão investidos na construção de até dez creches.

- Este dinheiro acelera o processo. Eu tenho mais recursos para desapropriação de terrenos e construção - disse.

Além da indenização, o banco também pagará R$ 3,6 milhões ao estado, que cobrirá os gastos que o MP teve com a investigação; R$ 734 mil irão para o Fundo Estadual de Interesses Difusos de São Paulo (FID), e R$ 489 mil vão pagar gastos com perícias e inspeções judiciais do inquérito. Maluf sempre negou as acusações.