Depois de oito anos no Senado eleito pelo Rio de Janeiro e atuando em temas econômicos, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) despediu-se esta semana da Casa para assumir o posto de vice-governador do estado. Dornelles acredita que a prioridade do governo federal deve ser a recuperação da Petrobras. Para o senador, o governo deveria admitir que o sistema de partilha na exploração do petróleo foi um erro e retomar o modelo de concessão para atrair investidores. 

As oscilações do preço do petróleo e os efeitos na fatia dos royalties - de cuja receita o Rio é dependente - preocupam o futuro vice-governador. Sobre as questões da meta de superavit fiscal e da chamada contabilidade criativa adotada até agora pelo governo Dilma, Dornelles disse que deficit fiscal não é o problema, mas a maquiagem, porque isso sim afeta a credibilidade do país: 

- Acredito que o desafio é fortalecer a Petrobras. A empresa é uma coisa, os funcionários (que cometeram irregularidades) são outra. É preciso mostrar que a Petrobras não é a corrupção, é a maior investidora do Brasil. Temos que acabar com essa história de que a Petrobras é o retrato daqueles que a denegriram. 


Exploração estatizada 


Como vice-governador do Rio, Dornelles pretende incentivar o debate em relação ao regime de exploração do petróleo no pré-sal. Para ele, o atual modelo, que dá justamente à Petrobras o status de ser sócia de todos os campos, com no mínimo 30% de participação, precisa ser revisto, até mesmo diante das dificuldades financeiras da empresa. Alvo de investigação na Operação Lava-Jato, a Petrobras está sofrendo desgaste político e financeiro. 

- Mudar o modelo de concessão para partilha foi o maior erro do governo. O regime de concessão é mais democrático. E obrigar que a Petrobras tenha 30% dos campos é estatizar a exploração - avaliou Dornelles. 

Durante a discussão da proposta de mudança dos royalties no Congresso, Dornelles fez vários pronunciamentos contra a alteração. A bancada do Rio de Janeiro tentou evitar a aprovação da proposta enviada pelo então presidente Lula, mas foi derrotada. 


olimpíadas no Rio 


Na questão das contas públicas, Dornelles também destacou a importância da aprovação pelo Congresso da proposta que alterou o indexador das dívidas de estados e municípios, o que beneficiará a prefeitura do Rio de Janeiro. Sobre o futuro do estado, ele acredita que a cidade e o governo estadual terão melhores condições econômicas do que outros entes da federação, por conta das Olimpíadas 2016, mesmo com as incertezas sobre o valor do barril de petróleo e seus efeitos no volume dos royalties a ser repassado ao estado. 

Nos oito anos de mandato como senador, Dornelles apresentou 120 projetos e propostas. Sempre presente nas discussões econômicas e nas propostas enviadas pelo governo nesse sentido, Dornelles foi designado para 453 relatorias. 

Dornelles passou o gabinete ao suplente, Péricles Olivier de Paula (PP-RJ), na última quinta-feira.

 

 

 

Lula diz que povo quer mais ética na política

O Globo - 22/12/2014

Para ex-presidente, 'um governo não Pode esconder absolutamente nada'

SÃO PAULO 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em vídeo postado ontem em sua página no Facebook, que uma das lições que ficaram das eleições deste ano foi que o povo quer mais ética. 
- Acho que a lição que ficou é: o povo quer mais democracia, mais participação, mais esperança, mais ética, quer ser mais ouvido. Acho que essas são as mensagens que a presidenta Dilma (Rousseff) deve assimilar do resultado eleitoral e fazer do seu mandato um mandato histórico. 

Lula elogiou a participação popular na eleição, principalmente no segundo turno, quando, segundo ele, "uma parte da sociedade assumiu a campanha de Dilma para se contrapor aos setores conservadores que queriam evitar a continuidade". Para o ex-presidente, a sua sucessora deve conversar sempre com o povo e manter a relação que estabeleceu com a sociedade na reta final da disputa eleitoral. 

- (Dilma deve) continuar a política forte de combate à corrupção em que toda e qualquer coisa tem que ser dita, porque um governo não tem que esconder absolutamente nada - disse Lula, sem citar o escândalo da Petrobras.