Mesmo ainda sem o anúncio oficial da presidente Dilma Rousseff, o presidente do PDT, Carlos Lupi, confirmou ontem que seu partido manterá o comando do Ministério do Trabalho. Essa pasta é reivindicada pelo PT e Dilma chegou a propor ao PDT seu remanejamento para o Ministério da Previdência, o que não foi aceito pelos aliados.

— No final de semana eu conversei pelo telefone com o ministro Mercadante (Casa Civil), que foi o interlocutor escalado pela presidente Dilma, e disse que, após consultar o partido, a maioria preferiu ficar no Trabalho. Nossa posição foi aceita. O Manoel Dias (atual ministro do Trabalho) continua — disse Lupi.

Dias participou ontem à tarde do anúncio de medidas nas áreas previdenciária e trabalhista com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e outros integrantes do governo. O deputado André Figueiredo (PDT-CE), que aspirava ao cargo, deve assumir a liderança do partido na Câmara.

O presidente do PDT havia se reunido com Dilma na terça-feira da semana passada. Ao ouvir a proposta da presidente de transferir o partido para o Ministério da Previdência, Lupi sinalizou que esse não era o desejo dos trabalhistas, mas não se opôs de imediato. Ele disse à presidente que consultaria o partido.

Apesar de não ter confirmado ontem Manoel Dias no Ministério do Trabalho, Dilma anunciou que o petista Carlos Gabas será o novo ministro da Previdência, sepultando assim as esperanças do PT de fazer a troca.

O PT queria o comando do Ministério do Trabalho para devolver seu comando ao controle da maior central sindical do país, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é ligada ao partido. Entre 2003 e 2007, a pasta foi comandada por três petistas com relações históricas com a CUT — Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e o atual prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. Mas logo no início do segundo mandato de Lula, em março de 2007, ela foi entregue ao PDT, que é ligado à Força
Sindical, segunda maior central do país.

Meses atrás, depois de sete anos no comando do Trabalho, o partido de Lupi chegou a debater internamente a conveniência de assumir outra pasta como o Turismo ou Esportes. O discurso no partido era de que seria bom fazer um rodízio para que não houvesse "feudos" no governo, mas na verdade o PDT se ressentia de um esvaziamento nas atribuições do MTE ao longo do governo Dilma.

Se realmente confirmar a permanência de Manoel Dias no Ministério do Trabalho, Dilma manterá essa pasta na área de influência de Lupi. O presidente do PDT já comandou o Ministério do Trabalho no governo Lula e saiu durante a "faxina ética" promovida por Dilma no início de sua gestão, em meio a denúncias de corrupção.

Na época, antes de cair, Lupi chegou a afirmar que tinha o apoio "total" da presidente Dilma para continuar no cargo e que, para tirá-lo, "só abatido a bala".

— E tem que ser bala forte, porque eu sou pesadão — afirmou Lupi, na ocasião.