Título: Cúpula esvaziada
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 29/06/2011, Mundo, p. 14

A cúpula de presidentes do Mercosul marcada para hoje em Assunção será o primeiro compromisso de Dilma Rousseff dentro do bloco. A chefe de Estado brasileira deve unir esforços para fortalecer o grupo e continuar no caminho da liderança pela integração regional. O trabalho, no entanto, não deve ser fácil em um período de desencontros políticos e na ausência dos líderes. A reunião em Assunção terá dois importantes desfalques. Além de Hugo Chávez, um dos grandes interessados em fazer parte do grupo, a mandatária argentina Cristina Kirchner também suspendeu sua participação no encontro, ao alegar problemas de saúde. Para a presidente brasileira, a viagem será a oportunidade de ter uma agenda maior com o colega paraguaio, Fernando Lugo, depois de ter cancelado uma visita a Assunção em maio.

Depois de 20 anos de existência, o bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai precisa começar a se programar para as próximas duas décadas. Porém, o encontro deve se limitar à agenda do bloco e à transferência da presidência protempore para o governo uruguaio. "É uma cúpula de praxe. Não serão tomadas grandes decisões, e a presidenta Cristina Kirchner deve fazer falta. Sem a presença dela, o encontro não tem tanta força. O Mercosul avançou, mas não há aprofundamento da integração econômica. Um bloco que pretende ser um mercado comum precisa criar mecanismos para isso", diz Albene Míriam Menezes, professora do Departamento de História e coordenadora do Núcleo de Estudos do Mercosul na Universidade de Brasília (UnB).

A ausência de Cristina ocorre após desavenças do governo argentino com outros países do bloco sobre acordos comerciais e a entrada de produtos em seu território. Durante evento na semana passada, a presidente sofreu uma queda e seus médicos a aconselharam a não viajar. A Argentina tem sido catalisadora de polêmicas nas relações econômicas. Em Assunção, um grupo de empresários criticou as barreiras de importação de seus vizinhos e declarou que o Mercosul é um "fiasco". Por sua vez, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, afirmou que o Mercosul pretende atrair a associação plena da Bolívia e do Equador. "O alto-representante do Mercosul, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, vai começar as reuniões exploratórias com a Bolívia, depois com o Equador", disse ele.