O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta quinta (25) que a intenção da Ucrânia de entrar para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) representa um "perigo para a segurança europeia".

Lavrov disse também que o Ocidente está se aproveitando da disposição dos ucranianos para alimentar o confronto entre os dois países.

"O esforço da Ucrânia de aderir à Otan é perigoso, tanto para a população ucraniana, porque não há união em torno dessa questão, como para a segurança europeia", declarou o ministro russo em pronunciamento feito na TV estatal.

Na terça-feira (23), o Parlamento ucraniano aprovou --por 303 votos a 8-- a renúncia da Ucrânia ao status de "país não alinhado", o que possibilitaria sua entrada na aliança militar ocidental, que é liderada pelos Estados Unidos. A Rússia é contrária à decisão.

O projeto de lei aprovado pelos legisladores afirma que "a agressão da Rússia contra a Ucrânia, a anexação ilegal de sua república autônoma da Crimeia e a intervenção militar nas regiões orientais do país justificam a necessidade de buscar garantias mais eficazes de independência, soberania, segurança e integridade territorial".

AMEAÇA MILITAR

Lavrov deixou claro que Moscou vê a possível adesão à Otan pela antiga república soviética, que tem extensa fronteira com a Rússia, como uma "ameaça militar direta".

"Há países ocidentais que querem que a crise na Ucrânia persista e que o confronto entre a Ucrânia e a Rússia aumente, e fazem isso por meio de esforços provocativos para que a Ucrânia integre a aliança do Atlântico", afirmou Lavrov.

A Otan reforçou a sua presença militar no leste da Europa neste ano.

O órgão diz ter provas de que a Rússia armou rebeldes e orquestrou uma rebelião pró-russa no leste da Ucrânia após a derrubada do presidente Viktor Yanukovich, que era apoiado por Moscou.

Em março, a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia, no mar Negro.

Moscou nega ter apoiado a rebelião e diz que está tentando, juntamente com Kiev e os rebeldes, encontrar uma solução política para a crise no leste ucraniano.

REUNIÃO ADIADA

A segunda reunião entre representantes do governo de Kiev e separatistas pró-russos para negociar a paz nas regiões de Donetsk e Lugansk, programada para esta sexta-feira (26), em Minsk, capital de Belarus, deve ser adiada.

O Ministério das Relações Exteriores bielorrusso afirmou que as negociações à distância continuam, mas que é difícil informar se a reunião ocorrerá.

Uma fonte ligada ao governo ucraniano informou que, em reunião realizada em Minsk, na quarta-feira (24), representantes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk revisaram os acordos feitos nas duas primeiras rodadas de negociação, em setembro.

"Só tem sentido continuar com as consultas com os signatários do protocolo e do memorando [assinados em 5 e 20 de setembro] se for para colocá-los em prática, não para revisá-los", informou a mesma fonte.