O governo de Minas Gerais divulgou nesta terça (23) na internet os gastos realizados pelo Estado com publicidade desde 2003, quando o senador Aécio Neves (PSDB) assumiu seu primeiro mandato como governador do Estado.

De acordo com o governo, só agora foi concluído levantamento realizado com mais de 500 mil documentos referentes às despesas com a veiculação de publicidade oficial em televisão, rádio, jornais, revistas, internet e cinema.

Nos 12 anos em que foi comandado pelos tucanos, o Estado gastou mais de R$ 547 milhões com publicidade, em valores corrigidos pela inflação (veja quadro nesta página).

Segundo cálculos do PSDB, que divulgou nota sobre o assunto nesta terça, empresas de comunicação controladas pela família de Aécio que veicularam publicidade oficial durante seu governo receberam menos do que seus concorrentes.

Aécio e sua família controlam a rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo Horizonte, e as rádios São João e Colonial, de São João del Rei, além do semanário "Gazeta de São João del Rei".

Em 2012, de acordo com o governo, as empresas da família de Aécio pediram para não receber mais publicidade. O PSDB diz que a medida foi tomada para evitar que os repasses fossem explorados politicamente.

Da posse de Aécio, em 2003, até este mês, quando termina o governo tucano em Minas, os gastos do Estado com publicidade oficial aumentaram mais de 900%, já descontada a inflação do período.

Emissoras de TV ficaram com a maior fatia (R$ 290 milhões), com a Rede Globo em primeiro lugar. Entre os jornais (R$ 138 milhões), o maior beneficiado foi o "Estado de Minas", que apoiou editorialmente o governo de Aécio e sua candidatura presidencial.

O jornal é o maior do Estado e teve um aumento expressivo (1.428%) no valor recebido nos últimos 12 anos. Para o governo, no entanto, houve acréscimo na publicidade para "todos os veículos".

Só foram divulgados gastos efetuados pela administração direta, sem incluir despesas feitas por empresas estatais.

Em outubro, durante a campanha eleitoral, reportagem da Folha mostrou que o governo de Minas se recusava a divulgar informações sobre despesas que realizou para veicular publicidade em três rádios e um jornal controlados pela família de Aécio, que governou o Estado de 2003 a 2010 e disputou a eleição presidencial deste ano.

Na época, a Folha não conseguiu obter essas informações. O jornal apresentou requerimentos baseados na Lei de Acesso à Informação. O governo alegava que o levantamento concluído agora estava incompleto.

Os gastos foram divulgados em documentos no formato PDF, que podem dificultar sua análise. Os valores nas tabelas só podem ser processados após a conversão dos documentos em planilhas de cálculo, com o uso de ferramentas especiais.

A divulgação dos dados foi coordenada com o PSDB, que minutos depois distribuiu nota para rebater acusações feitas pelo PT, de que as empresas da família de Aécio foram privilegiadas na distribuição das verbas de publicidade.