A economia dos EUA avançou impressionantes 5% no terceiro trimestre, em dados anualizados, e registrou seu maior crescimento em 11 anos catapultada por investimentos de empresas e consumo, mostram dados revisados do Produto Interno Bruto divulgados nesta terça (23).

O número, amparado por uma leva recente de dados positivos, mostra que a retomada americana finalmente engrenou, seis anos após a maior economia do mundo mergulhar em sua pior crise em 70 anos. A última vez que os EUA cresceram com tamanho vigor havia sido no terceiro trimestre de 2003.

O resultado foi anunciado pelo Departamento de Comércio, após revisar em 1,1 ponto a prévia divulgada em outubro, de avanço de 3,9%. No segundo trimestre, o PIB dos EUA havia crescido 4,6%.

O mercado financeiro festejou. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, subiu 0,36% e pela primeira vez rompeu o patamar dos 18 mil pontos. O mais amplo S&P500 também bateu recorde, superando os 2.082 pontos após ganhar 0,17%.

No novo cálculo, tanto os gastos de consumo quantos os investimentos de empresas foram revistos para cima: os primeiros avançaram 3,2%, contra 2,5% no trimestre anterior, e os últimos, 8,9% contra 9,5%.

Isso é importante porque indica o aumento da confiança na retomada econômica, o que a torna mais sustentável. Os gastos de consumo respondem por cerca de dois terços da economia dos EUA.

Outros fatores que contribuíram foram o aumento dos gastos do governo federal e a redução das importações.

O investimento privado e os gastos de governos locais e estaduais cresceram em ritmo menor que o de abril a junho, mas o aumento já foi suficiente para favorecer o resultado do terceiro trimestre. Mesmo caso das exportações, que subiram 4,5% no período, contra alta de 11,1% no segundo trimestre.

JUROS

O avanço do PIB coroa uma leva de dados positivos divulgados nas últimas semanas pelo governo dos EUA, notadamente a abertura de postos de trabalho, que mês após mês supera expectativas. Em novembro, foram criadas 321 mil vagas, o melhor resultado desde 1999 e acima da previsão de 230 mil postos.

Com isso, aumenta a chance de o Federal Reserve, banco central dos EUA, elevar as taxas de juros do país no próximo semestre após anos flutuando em uma banda próxima a zero para estimular a economia.

O movimento pode ter reflexos sobre o Brasil, atraindo de volta aos EUA investidores que migraram para mercados emergente em busca de rendimentos maiores.

Neste trimestre, é esperada uma desaceleração do crescimento, porém.

Ainda assim, o avanço de 5% levou economistas a revisarem suas estimativas para o PIB no ano. O banco de investimentos Goldman Sachs, que previa alta de 2,2%, em linha com a projeção do Fundo Monetário Internacional, espera agora 2,8%.

 

Revisão faz dólar voltar ao patamar de R$ 2,70

Recuperação fortalece moeda americana

DE SÃO PAULO

O crescimento acima do esperado da economia dos EUA no terceiro trimestre fez o dólar retornar à casa de R$ 2,70 nesta terça-feira (23), influenciado pela percepção dos investidores de que o Fed (Federal Reserve, banco central americano) pode antecipar a alta da taxa de juros do país.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,70%, a R$ 2,705. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou em alta de 1,57%, a R$ 2,704.

A recuperação da economia americana fortalece a perspectiva de aumento das taxas de juros nos EUA, o que pode levar os investidores a tirarem dinheiro de mercados emergentes, como o Brasil, para aplicar nos títulos do Tesouro dos EUA, remunerados pela taxa e considerados de baixíssimo risco. Isso faz a cotação da moeda subir no país.

Bolsa e ações da Petrobras sobem com recuperação americana