O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não vai criar uma comissão com representantes dos partidos políticos para realizar uma auditoria do sistema de votação, mas vai enviar informações para que o PSDB faça a apuração. Nesta semana, os tucanos pediram uma auditoria das eleições presidenciais. A decisão foi unânime. Exaltado em alguns momentos, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, demorou cerca de uma hora e meia para votar sobre o caso e fez críticas à ação do partido.

Assinado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), coordenador jurídico da campanha tucana, o documento cita a criação de uma comissão de especialistas formada por representantes indicados por partidos políticos. Como o pedido é do PSDB, a Justiça eleitoral vai enviar apenas ao partido informações solicitadas sobre o processo eleitoral, como cópia dos boletins de urnas.

Ao analisar o processo, Toffoli ressaltou que "o desenvolvimento dos programas e sistemas de informática utilizados nas eleições de 2014 esteve à disposição de todos os partidos políticos bem como do Ministério Público Eleitoral (MPE) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) desde o momento que [os programas] começaram a ser elaborados".

Segundo advogados dos tucanos, uma série de denúncias veiculadas na internet citam supostas fraudes na apuração dos votos. A sigla alega que há uma sensação de insegurança e, por isso, pediu uma auditoria para tranquilizar a população.

Toffoli também lembrou que "a urna eletrônica completou 18 anos" nas eleições de outubro e seu sistema foi desenvolvido para garantir a segurança aos pleitos. Ele frisou ainda que o pedido do PSDB não revela indício de fraude no processo de apuração e totalização dos votos.

Em parecer enviado ao TSE nesta semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a rejeição do pedido. Para ele, o pedido "não tem lastro em um único indício de fraude" e o PSDB se limitou a reproduzir comentários feitos em redes sociais. Ele também classificou a demanda do partido como "extravagante" e "temerária".

Durante a sessão do plenário da Corte Eleitoral, Toffoli apresentou uma série de medidas para fiscalizar a apuração dos votos. Além disso, ele afirmou que o resultado parcial da eleição apenas começou a ser divulgado às 20h - horário de Brasília - por causa de diferença de fuso horário. "Não foi uma decisão de última hora. Foi uma decisão tomada em 2013", disse, em tom mais elevado que o normal, em clara manifestação crítica ao pedido do PSDB.

Ontem também terminou o prazo para que a prestação de contas de campanha de quem concorreu a algum cargo apenas no primeiro turno. Foi o caso da candidata à Presidência do PSB, Marina Silva, derrotada na primeira parte da disputa.

Entre os maiores doadores da campanha do PSB estão: JBS, Gerdau, Cosan, Queiroz Galvão, Votorantim, Brasil Foods e Banco Safra. Durante a campanha, Marina alegou que não aceitaria dinheiro de empresas de alguns setores, como bélico, de tabaco e bebidas.

Ao todo, o comitê financeiro de Marina e de Eduardo Campos, que morreu em um acidente durante a campanha eleitoral, arrecadou R$ 61,037 milhões, de acordo com dados apresentados pela coligação ao TSE.