Título: Reforço de R$ 55 bi
Autor: Monteiro, Fábio
Fonte: Correio Braziliense, 30/06/2011, Economia, p. 16

Em meio à chuva de críticas sobre a negociação entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu, ao menos, uma boa notícia. O Senado aprovou ontem a medida provisória que libera R$ 55 bilhões do Tesouro à instituição bancária. Com a decisão, o limite global dos subsídios da estatal será de R$ 209 bilhões. Apesar de ter a maioria dos votos, a sessão que autorizou a MP foi conturbada pelos parlamentares da oposição, que aproveitaram para fazer duras críticas ao projeto.

"Isso é um absurdo, estão privilegiando megaempresários utilizando recursos públicos", bradou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O tema também esteve em evidência na Câmara. Durante reunião na Comissão de Desenvolvimento Econômico, a base aliada decidiu se defender, e atribuiu a culpa da participação do governo à falta de interesse da iniciativa privada em financiar os projetos. "Isso seria resolvido se o setor financeiro do Brasil fizesse o seu papel: financiar a indústria nacional", disse o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

Volume recorde

» Rosana Hessel

As ações do Grupo Pão de Açúcar bateram ontem recorde de movimentação na bolsa de valores de São Paulo (BM&FBovespa), um dia depois que a empresa divulgou a proposta de compra das operações da rede francesa Carrefour no Brasil. O volume de papéis negociado chegou a R$ 1,6 bilhão, ou 26,01% do total movimentado na bolsa paulista. Esse valor é quatro vezes superior ao do segundo ativo mais comercializado, o da Vale.

Os comentários que circularam no mercado, diante do volume incomum, eram de que o maior comprador dos papéis do Pão de Açúcar era o Casino ¿ sócio da companhia brasileira no Brasil e maior rival do Carrefour na França. Segundo os analistas, a rede francesa partiu para uma tentativa agressiva de barrar de qualquer forma a fusão com o concorrente. Dois dos três maiores operadores foram corretoras que trabalham diretamente com investidores estrangeiros: a Link, comprada recentemente pelo banco suíço UBS, e a Credit Suisse. Em terceiro lugar, ficou a XP Investimentos, maior corretora independente da bolsa. A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) pode ser chamada a avaliar a possibilidade de conflito de interesses na troca de papéis.

"É a maior quantia negociada por uma empresa privada na Bovespa, segundo o que tenho conhecimento", comentou o economista da corretora Prosper, Demetrius Lucindo. Ele destacou que foram comercializadas 22 milhões de ações do Pão de Açúcar em um total de 33,164 mil transações. Enquanto isso, os trâmites com papéis das maiores empresas da bolsa, a Petrobras e a Vale, somaram 20,9 mil e 19 mil, respectivamente.

Variação O assessor de investimentos da TOV Corretora, Breno Carlos, também se impressionou com a quantia transacionada somente com ativos da empresa de Abílio Diniz. "Em todo o ano, o total de negócios com os papéis da Petrobras é muito menor. Não chega a R$ 1 bilhão", destacou.

Depois de saltarem 12,64%, após o anúncio da proposta de fusão, as ações preferenciais (sem direito a voto) do Pão de Açúcar voltaram a subir 12,10% na manhã de ontem, mas encerram o pregão com queda de 3,07%, a R$ 71. Ao longo do dia, o preço dos papéis teve forte variação e a diferença superou R$ 10, outro valor bastante atípico em único dia, ficando entre R$ 71 e R$ 82,11.

Vendas 11,3% menores As vendas dos supermercados brasileiros caíram 11,34% em maio. O tombo, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), era esperado, uma vez que o movimento em abril foi bastante forte em função da Páscoa. Na comparação com o mesmo período de 2010, o setor expandiu apenas 0,69% e, no ano, acumula alta de 4,54%. De acordo com o presidente da instituição, Sussumu Honda, a procura dos consumidores continua aquecida, mas as bases de comparação em relação ao ano passado estão altas, o que resulta em variações percentuais menores.