Confirmando sua resiliência frente ao desempenho da economia, a BB Seguridade apresentou fortes resultados em mais um trimestre, mesmo tendo que revisar para baixo a meta de crescimento de duas de suas subsidiárias.

A holding de seguros do Banco do Brasil reportou lucro líquido no terceiro trimestre 50% maior que no mesmo período do ano passado, de R$ 822 milhões. O resultado veio em linha com o projetado pelo mercado. A média das estimativas de cinco analistas consultados pelo Valor apontava lucro de R$ 817 milhões. Comparado ao resultado do segundo trimestre, o lucro teve queda de 2,7%, o que já era esperado considerando a sazonalidade.

"No quarto trimestre pretendemos intensificar o foco no segmento de pessoas, principalmente vida e prestamista. E manter nosso esforço no segmento de previdência. Essas são as linhas de negócios que consideramos estrategicamente mais importantes neste momento", disse Marcelo Labuto, presidente da BB Seguridade

"Em meio a baixa e desafiadora perspectiva de crescimento econômico brasileiro, seguimos vendo a empresa como uma excelente forma de se expor a um setor com crescimento acima da média e menos correlacionado com o desempenho agregado", escreveram os analistas da XP Investimentos. "A empresa é bastante lucrativa, com retorno alto, capilaridade e ampla capacidade de expansão a partir da baixa penetração na base de cliente do Banco do Brasil."

O faturamento com prêmios de seguros e arrecadação de previdência e títulos de capitalização somou R$ 12,5 bilhões de julho a setembro, alta de 42,9% em 12 meses. O destaque foi a contribuição dos planos de previdência, que cresceram 94% em 12 meses - muito maior do que o do setor.

Analistas apontam, inclusive, que as vendas mais fracas das operações de seguros patrimoniais e de automóveis (Mapfre BB SH2) e de títulos de capitalização (Brasilcap) são resultado do maior foco de vendas na Brasilprev durante o primeiro semestre. Por conta disso, a companhia reduziu suas metas de crescimento ("guidance") para essas duas operações.

A meta de crescimento de seguros patrimoniais foi reduzida para uma faixa de 12% a 15%, ante 19% a 26%. Já o avanço da operação de títulos de capitalização caiu para 3% a 6%, ante 10% a 15% na projeção anterior. Essas duas subsidiárias cresceram 14,8% e 5% de janeiro a setembro, respectivamente.

Após as revisões, a companhia não cumpriu, no acumulado dos nove meses do ano, a meta para a operação de seguros de vida e rural (BB Mapfre SH1). O guidance foi mantido em crescimento de 24% a 32% e a coligada apresentou avanço de 16,7% até setembro. "O desvio decorreu de vendas abaixo do esperado nos segmentos de vida e prestamista", explicou a companhia no relatório de desempenho.

Já a meta de retorno sobre o patrimônio superou o intervalo da meta. O guidance para o ano é de 44% a 49% e a companhia apresenta indicador de 51,3% no acumulado até setembro.

Os analistas do Credit Suisse, no entanto, não viram como negativa a revisão das metas. "Enquanto alguns poderiam pensar nisso como um sinal amarelo, convidamos o mercado para ver o copo meio cheio", escreveram em relatório. Segundo eles, além de não contribuir muito para o resultado consolidado da BB Seguridade (cerca de 4% a SH2 e 6% a Brasilcap), as subsidiárias são aquelas que operam nos segmentos que a casa vê como o menos prósperos.

"Assim, vemos com bons olhos o fato de que o foco deve ser concentrado nos segmentos mais promissores, em que o crescimento pode ser mais facilmente capturado", afirmam, se referindo às operações de vida e previdência. Eles observam que as metas para essas operações foram reiteradas, "sugerindo resultados robustos no quarto trimestre".

Como as previsões do Credit Suisse para as operações que tiveram suas metas revisadas já estavam mais baixas que o guidance, os analistas não veem espaço para revisão para baixo do lucro estimado no ano. A casa tem recomendação "outperform" (acima do mercado) para a ação da companhia, com preço-alvo de R$ 41.

Os analistas da XP Investimentos seguem a mesma linha de análise quanto à revisão dos guidances. "A revisão de estimativas para o fim do ano segue dentro das nossas expectativas em termos de expansão, dado o patamar desafiador lançado desde o início do ano. Vale ressaltar que a instituição continua apresentando desenvolvimento relevante em suas principais fontes de retorno."

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Alta de indenizações afeta IRB

Valor Econômico - 05/11/2014

Thais Folego
De São Paulo

O IRB apresentou lucro líquido de R$ 62,6 milhões no terceiro trimestre, com queda de 39,6% na comparação com igual período do ano passado. O resultado foi impactado por um aumento no volume de pagamento de indenizações.

Os números da companhia estão no balanço da BB Seguridade divulgado ontem. O braço de seguros do Banco do Brasil tem 20,5% do capital do IRB, que é a maior resseguradora do país. O IRB não divulga números trimestrais, apenas semestrais - mas quando o faz, costuma ser diferente do divulgado pela BB Seguridade, que realiza ajustes de acordo com a padrão contábil que adota (IFRS).

O volume de prêmios emitidos pelo IRB subiu 25% de julho a setembro em relação a igual período de 2013, a R$ 957,7 milhões. O volume de indenizações pagas no período (sinistros) somou R$ 867,8 milhões, com alta de 76% em 12 meses.

O resultado financeiro teve bom desempenho com a alta dos juros médio no país em 12 meses, mas insuficiente para compensar o maior volume de indenizações. O resultado com o investimento das reservas técnicas somou R$ 137,3 milhões no trimestre, alta de 58% na comparação anual.