O escritório de advocacia dos Estados Unidos Wolf Popper entrou com uma ação coletiva em Nova York, em nome de investidores que compraram American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobrás, recibos que representam ações da empresa brasileira e são listados na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), entre maio de 2010 e novembro de 2014. 

A ação alega que a Petrobrás violou a legislação da Securities and Exchange Commission (SEC), reguladora do mercado de capitais dos EUA. 

A alegação é que a Petrobrás forneceu “material falso e comunicados enganosos” e não revelou uma “cultura de corrupção” na empresa, que consiste em um “esquema interno multibilionário de corrupção e lavagem de dinheiro”. 

Em nota, o escritório destaca que a Petrobrás é acusada de superfaturar o valor de propriedades e equipamentos em seu balanço. Segundo o Wolf Popper, a petroleira “inflou o valor dos contratos de construção da companhia”. 

Por conta de uma série de denúncias do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, os ADRs da Petrobrás acumulam queda de 46% desde o dia 5 de setembro. No documento, o escritório informa que já recuperou “bilhões” ao longo dos anos para investidores fraudados. 

Denúncias de corrupção estão sendo investigadas pela SEC e pelo Departamento de Justiça desde que vieram à tona declarações do ex-diretor e delator da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Paulo Roberto Costa, de que a cultura de superfaturamento ocorre há décadas na empresa. 

As duas instituições vão avaliar se a Petrobrás fraudou a lei anticorrupção americana e, com isso, prejudicou os acionistas minoritários. Procurada, a estatal informou que ainda não foi intimada da ação judicial. 

Balanço. Na próxima sexta-feira, o Conselho de Administração da Petrobrás irá analisar o resultado financeiro da empresa do terceiro trimestre deste ano não auditado pela Price water house Coopers (PwC). O Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado, apurou que o balanço referente ao período entre julho e setembro não trará baixas contábeis de correntes de supostos superfaturamentos em obras, como ficou evidenciado na Operação Lava Jato. 

A alteração dos valores dos ativos depende ainda da conclusão do trabalho de escritório de advocacia contratado para isso. O balanço é o principal tema da pauta da reunião do conselho de sexta-feira. Por isso, não há possibilidade de os números não chegarem a ser analisados, de acordo com fontes. 

No início de dezembro, quando o conselho de administração da Petrobrás esperava aprovar e liberar o resultado para o mercado e, assim, conseguir cumprir o prazo  de divulgação estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários(CVM), a petroleira foi impedida de fazê-lo porque ainda estava em negociação com a PwC.