Título: Desrespeito à população
Autor: Laboissière, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 30/06/2011, Cidades, p. 29

Na manhã de ontem, a reportagem do Correio percorreu o Hospital de Base, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e o Centro de Saúde nº 1 de Samambaia. Nos dois primeiros locais, faltavam profissionais em áreas como recepção, radiologia, lavanderia e laboratório, mas os pacientes conseguiam atendimento. No último, entretanto, as atividades estavam suspensas.

A doméstica Raimunda Alves de Moura, 63 anos e o marido, o jardineiro Milton Evangelista de Moura, 69, deram viagem perdida ao recorreram à unidade em busca de remédios para pressão alta. "É deixar de comer para comprar o remédio em outro lugar ou morrer", disse Maria, indignada. "Que outra opção eu tenho? Vou ter que pagar R$ 30 em uma caixa de medicamento pois não tenho noção de quando vai acabar essa greve", acrescentou.

Ontem, durante reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o governador Agnelo Queiroz (PT) reforçou as críticas ao movimento grevista destacando que encara a paralisação como uma provocação à sociedade e ao governo. "Isso é uma irresponsabilidade, uma atitude criminosa contra esse povo que já sofreu violentamente. Esse é o nosso limite da tolerância", pontuou. "Fizemos o que nos pediram. Oferecemos o auxílio-alimentação de R$ 304 ¿ sem contrapartida ¿, plano de saúde e incorporação da gratificação. Não há motivos para continuarem parados."

A posição de Agnelo foi contestada durante manifestação realizada ontem, em frente à Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), na Asa Norte. Na ocasião, cerca de 600 servidores fizeram um panelaço para protestar. O presidente do sindicato da categoria, Agamenon Torres, confirmou que a greve deve alcançar os centros cirúrgicos.

"O que puder ser suspenso sem colocar em risco a vida dos pacientes, será. Continuaremos atendendo todas as emergências, mas vão faltar servidores em outros locais, justamente para fazer pressão. Até que o governo atenda nossas reivindicações é isso que irá acontecer", ameaçou. (ML)