O mercado europeu iniciou o penúltimo pregão do ano sob a influência negativa do fracasso do Parlamento da Grécia em sua tentativa de eleger o presidente. As bolsas da região chegaram a operar em terreno negativo, e as ações de grandes bancos gregos, como Eurobank Ergasias e Attica Bank, registraram no pior momento depreciações acima de 15%. A incerteza na Grécia levou o índice ASE, da bolsa de valores de Atenas, a fechar em queda de 3,9%.

No entanto, passada a pressão inicial, os investidores voltaram às compras e as principais bolsas europeias acabaram por fechar no azul.

Em votação realizada ontem, o candidato Stavros Dimas, escolhido pelo governo de Antonis Samaras, recebeu do Parlamento 168 votos, mas houve 132 abstenções. Dimas precisava de 180 dos 300 votos para ser eleito. Com isso, o Parlamento do país será dissolvido. O primeiro-ministro Samaras convocou as eleições gerais para o dia 25 de janeiro.

Apesar do drama no cenário político da Grécia, investidores não veem uma repetição da crise da dívida na zona do euro. O volume de negócios ontem foi mais baixo com a aproximação do fim do ano, o que diminuiu as oscilações de preços nos mercados de ações e de bônus.

 

"Sabemos que eles estão com problemas por lá [na Grécia], mas não vejo motivo suficiente para vender papéis. As pessoas estão condicionadas a pensar que a Europa fará de tudo para preservar o sistema", disse Michael Antonelli, operador da Robert W. Baird & Co.

O índice europeu Stoxx 600 subiu 0,03%, aos 344 pontos. Em Londres, FTSE 100 subiu 0,36%, aos 6.634 pontos, e CAC-40, de Paris, subiu 0,5%, a 4.317 pontos.

Ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que a Grécia não precisa de financiamento adicional imediato.

Gerry Rice, diretor do Departamento de Comunicação e porta-voz do FMI, disse que as discussões sobre a conclusão do programa de ajuste na Grécia serão retomadas quando um novo governo estiver estabelecido, em conjunto com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu.

Os problemas na Grécia reforçam a busca por papéis considerados mais seguros.

Os juros dos Treasuries encerraram a sessão de segunda-feira em baixa, movimento também observado nos papéis de Alemanha e Reino Unido.

O "yield" (retorno) do papel de dez anos chegou a 2,207%, ante os 2,25% de sexta-feira. Os juros dos títulos se comportam de forma inversamente proporcional aos preços. Na Alemanha, o yield do título de dez anos caiu a 0,561%, recorde de baixa, enquanto o papel de mesmo maturidade do Reino Unido caiu para 1,817%.

Os índices de Wall Street fecharam sem tendência definida. Após ajustes, o Dow Jones caiu 0,09%, aos 18.038,23 pontos, e o S&P 500 subiu 0,09%, aos 2.090,57 pontos. Nasdaq fechou praticamente estável, aos 4.806,91 pontos.

A agenda de hoje tende a ser um pouco mais agitada, especialmente em terreno americano, com a divulgação do índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos de dezembro pelo Conference Board, e o índice de preços de casas S&P/Case-Shiller de outubro.