senador Aécio Neves (PSDB), candidato derrotado à Presidência a República, disse ontem que a oposição deve buscar assinaturas para instaurar nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras tão logo acabe o recesso parlamentar.

Segundo o tucano, o ponto de partida da nova CPI será a inclusão das delações premiadas. Aécio prevê a abertura da CPI já nos primeiros dias de fevereiro.

“Não é possível que com tantas delações, confissões, o Congresso Nacional se mantenha blindado em relação a este gravíssimo escândalo. O Congresso tem a responsabilidade de participar das investigações e colaborar com apurações, punindo todos aqueles que tiverem responsabilidade com esses desvios, independentemente do partido”, disse o senador, ao chegar para apresentação na Casa das Garças, no Rio.

Ao falar sobre o escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, Aécio disse que a presidente da companhia, Graça Foster, perdeu todas as condições de ficar à frente da empresa. Para o tucano, cabe à presidente da República substituí-la, bem como toda a diretoria atual. “Talvez o instinto [de Dilma Rousseff] seja manter [Graça na presidência da Petrobras] até o último minuto. Mas não há capacidade da atual direção da empresa garantir o resgate da credibilidade para que a Petrobras estabeleça novo portfólio de investimento”.

Questionado sobre as declarações da ex-gerente da Petrobras Venina Velosa, de que a presidente da companhia foi avisada dos desvios, Aécio afirmou que a informação é “extremamente grave”. “Quando as corrupção [vira] algo institucionalizado dentro de uma empresa e as providências não são tomadas, mesmo com tantos alertas feitos, é realmente algo inédito na nossa história contemporânea. E além da crise moral, do prejuízo financeiro que vem tendo a Petrobras, é uma crise de governança que vamos infelizmente demorar muito tempo a superar”, afirmou.

Aécio lembrou que, em depoimento à CPMI da PetrobrasGraça disse não ter conhecimento das denúncias.

O candidato derrotado à Presidência falou também sobre a equipe econômica escolhida por Dilma Rousseff e disse que é a negação de tudo que a presidente reeleita falou durante a campanha eleitoral. “É a confirmação de tudo que avisamos que estava acontecendo no país”, disse Aécio.

Na avaliação do tucano, a necessidade de um ajuste mais duro em 2015 se explica porque o governo não adotou as medidas ao longo do ano, antes do processo eleitoral. Aécio afirmou ainda que há esquizofrenia com relação à condução da política econômica.

“De um lado a nova equipe anuncia ajuste fiscal duro, talvez de R$ 100 bilhões ano que vem, ao mesmo tempo a atual equipe econômica insiste em fragilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal, e apresenta nova proposta de recurso para BNDES“, afirmou.

Para o senador, o tempo vai mostrar se Dilma tem convicção que este é o caminho do ajuste, ou se a nova equipe foi uma sinalização necessária e emergencial aos mercados. “Serão dois anos difíceis, e piores porque do que o previsto. Os ajustes serão penosos, porque não tem credibilidade, Com retração nos investimentos e visão de desconfiança por parte dos investidores”, afirmou o tucano.