Título: Maior incidência no Norte
Autor: Santana, Ana Elisa
Fonte: Correio Braziliense, 03/07/2011, Brasil, p. 13

A dificuldade em fazer os exames de rastreamento do câncer de colo do útero faz com que muitas mulheres da Região Norte do Brasil não consigam identificar a doença no estágio inicial. Estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostra que, dos 18 mil casos desse tipo de câncer registrados em 2010, cerca de 2 mil foram diagnosticados na região. Pesquisadores do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram uma pesquisa com moradores de áreas ribeirinhas do estado e constataram a falta de assistência. "Para essas mulheres, é muito difícil chegar aos postos de saúde. Então, elas só passam pelo papanicolau quando uma equipe consegue chegar de barco para coletar o material. Algumas tinham mais de 50 anos e nunca tinham feito", afirma a professora Hellen Thaís Fuzii, uma das responsáveis pelo estudo.

Há dificuldades também para ter o diagnóstico da doença. "Quando a gente faz esse tipo de rastreamento (nas populações ribeirinhas), nem sempre consegue definir se é câncer, porque não tem como fazer a biopsia. Muitas mulheres estão com lesões que provavelmente sejam", alerta a pesquisadora. Os resultados da pesquisa apontaram que a prevalência geral do HPV é de 14,6% e que as estratégias preventivas a serem aplicadas devem ser específicas de acordo com as especificidades do local onde as mulheres moram. "A média é de 14,6%, mas há populações com incidências mais altas, em especial entre mulheres mais jovens", indica Hellen Fuzii. "Elas estão iniciando a atividade sexual e muitas vezes praticam de forma desprotegida, com pouco acesso à informação", explica. (AES)