O candidato do Palácio do Planalto à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), assegurou ontem que terá votos de parlamentares de todas as legendas e considerou uma ofensa a todos os deputados federais a acusação de que, se eleito, comandará uma Casa submissa ao Executivo. Em Belo Horizonte, o petista foi homenageado em um almoço com a presença do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e parlamentares de vários partidos da bancada do estado, como PV, PTdoB, PTB, PSD, PCdoB, PTC, PP e até mesmo do PSDB. A visita a Minas ocorre três dias depois de o principal rival, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter feito campanha na capital mineira.

Como parte de uma estratégia do governo federal, que tenta aumentar o apoio a Chinaglia — a presidente Dilma Rousseff teria convocado os governadores a mobilizarem as bancadas —, Pimentel pediu o voto dos parlamentares no almoço. Minutos depois, a adesão do governador foi colocada nas redes sociais do candidato. “É o mais capacitado para conduzir o parlamento”, afirmou Pimentel. Chinaglia disse que a entrada do governador na campanha “contribuiu de maneira decisiva para mudar o quadro em Minas, que era mais difícil no início”. A eleição está marcada para o domingo.

Em Minas, Chinaglia rebateu a declaração de Eduardo Cunha, que, na sexta-feira, disse ter a maioria de votos dos 53 integrantes da bancada mineira (aliados do peemedebista projetam entre 30 e 35 votos). Já apoiadores do petista acreditam que Chinaglia conseguirá de 28 a 32 votos. O petista afirmou que a estimativa de Cunha trata-se de “propaganda enganosa” e considerou a conta um desrespeito ao candidato do PSB, Júlio Delgado (MG), com quem tem mostrado afinidade. “Ele (Cunha) já disse coisa pior. Disse que vai ganhar no primeiro turno”, lembrou Chinaglia.

Para o petista, Cunha fez outras declarações “deselegantes”, entre as quais, a de que, com Chinaglia, a Casa seria submissa ao governo Dilma. O deputado do PT disse ser um desrespeito a todos os parlamentares. “Se você tem um Poder Legislativo subordinado ao Executivo, você está admitindo que os 513 deputados vão dizer amém para o presidente. É uma forma grave de desqualificar o conjunto. Eu discordo, não por mim; discordo como deputado”, afirmou.

Segundo o candidato do PT, Eduardo Cunha tentou se firmar como nome independente, que representaria parte do governo e a oposição, mas isso não foi chancelado pelos adversários de Dilma, tanto que lançaram Júlio Delgado. Questionado se teria apoio de parte do PMDB, disse que não fala sobre conversas reservadas. “Mas posso garantir que, na minha percepção, terei votos em todas as bancadas partidárias, sem exceção.”

Apesar de o PSDB estar fechado com a candidatura do mineiro Júlio Delgado, o partido teve dois filiados presentes. O ex-secretário de Ciência e Tecnologia no governo passado Nárcio Rodrigues (PSDB), e o filho Caio Nárcio, eleito pelo PSDB para assumir uma vaga na Câmara.

No encontro de ontem, o deputado Luis Tibé (PTdoB) afirmou que 17 dos 19 colegas do bloquinho (PRTB, PTdoB, PRP, PTC, PSL, PSDC, PTN e PMN) estão com o petista.

Petrobras
Sobre uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras (defendida por Eduardo Cunha), Chinaglia disse que não precisa incentivar a investigação para se defender — o rival foi citado em depoimento de delatores na Operação Lava-Jato. “O argumento que é apresentado é o seguinte: eu não devo, eu não temo; portanto, defendo a CPI”, disse Chinaglia.

PSB anuncia apoio de Aécio
O PSB anunciou ontem ter o apoio do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), para a candidatura do deputado pessebista Júlio Delgado (MG) na corrida pelo comando da Câmara. O vice-presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, afirmou ter conversado com Aécio. Já Delgado disse que estará no segundo turno e minimizou as dissidências tucanas, já que deputados do PSDB de São Paulo anunciaram que um terço da bancada votará em Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “As dissidências nos outros blocos serão maiores que as eventualmente no nosso”, disse Delgado.