Título: Em jogo, a sustentabilidade
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 03/07/2011, Cidades, p. 30

Construção do Estádio Nacional de Brasília segue conceitos de uma obra ecologicamente correta. A inovação deve fortalecer a candidatura da capital federal na disputa para sediar a partida de abertura do próximo Mundial de futebol, em 2014

O Estádio Nacional de Brasília caminha para ser o primeiro do mundo a receber o certificado internacional mais conceituado de construção sustentável. A concessão do selo LEED Platinum (leia Para saber mais) só será confirmada após a conclusão da obra, mas desde a elaboração do projeto o governo local preocupou-se em seguir os critérios exigidos. As diretrizes verdes da construção poderão ser decisivas para a escolha da capital federal como sede do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014.

A ecoarena, como está sendo chamada, já conta com 87 pontos de um total de 100 a serem avaliados. Estádios de beisebol e futebol americano detêm os certificados Gold ou Silver, mas o selo Platinum nunca foi concedido. Depois do centro esportivo da capital, o próximo que terá chance de conquistar o título máximo de obra sustentável será o de Moscou, na Rússia, país que sediará a Copa de 2018. A intenção do GDF é fazer do Estádio Nacional a melhor arena para shows da América Latina.

Com previsão de investimento de R$ 671 milhões, a obra deve ficar pronta em dezembro de 2012. "Teremos um estádio nº 1, referência para a Federação Internacional de Futebol (Fifa), para o Brasil e para o mundo", aposta o chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT), Cláudio Monteiro, que está à frente do projeto. A gestão petista acredita que a arena multiuso deverá ser a última obra de grande porte a ser erguida no Plano Piloto. "Será um monumento histórico", completa.

Fonte de energia O conceito de sustentabilidade no Estádio Nacional está atrelado a atitudes simples, como reaproveitamento de água da chuva e captação de energia solar. A arena será capaz de gerar 2.5 mega watts de energia, o que corresponde ao abastecimento de mil residências por dia. "Vamos usar a energia gerada para abastecer todo o centro esportivo e ainda vai sobrar para comercialização. O estádio será uma fonte permanente de energia", adianta Monteiro.

Como o Mané Garrincha foi completamente demolido para abrir espaço ao novo projeto, o governo conseguiu empregar a "tecnologia verde" sem atropelos. Os mictórios, por exemplo, serão a vácuo, economizando água e tubulação. Todo o entulho da antiga construção está sendo utilizado como brita na obra. O sistema de ar-condicionado será inteligente: se poucas pessoas estiverem em determinada área, não será necessário refrigerar todo o espaço.

O gerente do projeto da Copa em Brasília, Sérgio Graça, estima que as características sustentáveis da obra aumentarão a produtividade dos funcionários em até 14%. "O custo de manutenção vai cair assustadoramente e haverá menos coisas para se preocupar", comenta. Segundo ele, é inconcebível que os gestores de qualquer construção feita atualmente não pensem em sustentabilidade. "Não tem mais cabimento, hoje em dia, construir sem pensar no futuro", completa.

Somam-se às regras verdes do Estádio Nacional de Brasília os bicicletários e as ciclovias, que reduzirão de maneira significativa o número de vagas no estacionamento. Neste segundo semestre, a Fifa deve decidir a cidade-sede de abertura dos jogos, escolha que será baseada em um conjunto de fatores. "Se Brasília não for escolhida, não será pela falta de um estádio referência", reforça o chefe de gabinete do governador do Distrito Federal. São Paulo e Brasília são as duas cidades que lideram a disputa.

Vistoria de segurança Os ministérios da Justiça e do Esporte realizam amanhã vistoria de segurança antibomba nas obras do Estádio Nacional de Brasília. O governador Agnelo Queiroz (PT) acompanhará o trabalho, que contará com robôs simuladores e cães farejadores. É a primeira operação do tipo nos locais que vão sediar jogos da Copa de 2014. Mesmo com o estádio ainda em obras, a operação é necessária para garantir que a arena seja entregue com todas as condições de segurança atendidas. A ação em Brasília está sendo considerada modelo para testar as melhores técnicas.