Conhecido pelas polêmicas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) declarou ontem, durante sessão no plenário da Câmara, que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque "ela não merece". Bolsonaro disse ter sido alvo de acusação da petista - em um episódio ocorrido há onze anos - e gritou com a deputada. Durante o discurso, o parlamentar disse ainda que os direitos humanos no Brasil só defendem "bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e corruptos".

A declaração de Bolsonaro, durante sessão extraordinária, foi depois do discurso de Maria do Rosário, ex-ministra dos Direitos Humanos sobre a comemoração do Dia Internacional dos Direitos Humanos e a entrega do relatório da Comissão da Verdade para a presidente Dilma Rousseff, hoje. Maria do Rosário criticou o as manifestações que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a volta da ditadura.

Bolsonaro assumiu o microfone e mandou a deputada não sair do plenário, para ouvi-lo. "Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir", disse. "Por que não falou da sua chefe, Dilma Rousseff, cujo primeiro marido sequestrou um avião e foi pra Cuba, participou da execução do major alemão? O segundo marido confessou publicamente que expropriava bancos, roubava bancos, pegava armas em quartéis e assaltava caminhões de carga na Baixada Fluminense. Por que não fala isso?", disse. "Vá catar coquinho! Mentirosa, deslavada e covarde."

Horas depois, Bolsonaro disse não temer um processo por quebra de decoro parlamentar. "Não vou me defender de nada. Sou casado, tenho filho. Acha que sou estuprador?", afirmou.

Visivelmente emocionada, Maria do Rosário disse sentir "uma grande dor" por ter sido agredida pelo deputado. "Tenho o direito de trabalhar com liberdade e acredito que uma atitude violenta, que um pronunciamento violento não é contra a minha pessoa, De fato, agride todas as mulheres", disse.

O líder da bancada do PT na Câmara, Vicentinho (SP), disse que o partido apresentará representação no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro e estuda medidas jurídicas contra o deputado.

Não foi a primeira vez que os dois tiveram uma desavença. Há onze anos, travaram uma discussão na Câmara e Bolsonaro chamou a deputada de "vagabunda".