A agência de classificação de risco Moody’s anunciou ontem que colocou a nota de crédito da Petrobras em revisão para um possível rebaixamento. Se concretizado, o corte deixaria a estatal a apenas um passo de perder o grau de investimento, dificultando ainda mais a capacidade da empresa de captar recursos no mercado para fazer frente ao seu ambicioso plano de negócios. Atualmente, a estatal está dois patamares acima do nível mais baixo da faixa de investment grade, com nota Baa2 na escala da Moody’s.

A medida foi anunciada após o fechamento dos negócios da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), em que as ações da Petrobras registraram forte valorização. As ordinárias tiveram alta de 5,95%, cotadas a R$ 10,50 no fechamento, e as preferenciais subiram 6,30%, terminando o dia em R$ 10,97. Os papéis da estatal e os da Vale foram as maiores influências positivas para que o Ibovespa, o principal termômetro da bolsa fechasse em alta pelo terceiro dia consecutivo, acumulando ganho de 8% em apenas cinco sessões. O indicador subiu 1,53%, chegando a 50.889 pontos, num pregão marcado por poucos negócios e muita volatilidade.

Segundo a Moody’s, a revisão da nota da petroleira reflete preocupações quanto a potenciais pressões de liquidez, caso a companhia não cumpra as exigências previstas nos contratos de emissão de títulos. Assolada por denúncias de corrupção e desvio de dinheiro, a Petrobras já adiou por duas vezes a publicação do balanço contábil do terceiro trimestre. 

A divulgação do documento, mesmo não auditado, tinha que ser feita até o fim de dezembro, sob pena de credores poderem pedir antecipadamente o resgate das dívidas. A estatal conseguiu adiar o prazo para 31 de janeiro, mas a Moody’s mostrou preocupação de que isso possa não ocorrer.

Produção
O ritmo da bolsa brasileira acompanhou as ações norte-americanas, que dispararam após a divulgação de dados melhores que o esperado sobre a economia dos Estados Unidos. Os papéis ON da Vale subiram 3,98%, para R$ 22,22, e os PN tiveram alta de 4,56%, chegando a R$ 19,50. 

Na avaliação do analista e sócio da DX Investimentos, Pedro Ivo Bittelbrunn, o comportamento positivo das ações da Petrobras sofreu influência positiva dos dados de produção, com a divulgação de novo recorde de 12,29 milhões de barris diários, sendo 700 mil apenas do pré-sal. “Os papéis da Vale têm muita correlação com o dólar, que subiu bem e voltou a romper a casa dos R$ 2,70”, explicou.

Para a analista da Coinvalores Tatiane Cruz, os papéis da Petrobras tiveram alta porque muitos investidores estão aproveitando o preço baixo dos ativos. “Quem está olhando para o longo prazo, pode estar fazendo posição na empresa, ao comprar os papéis baratos”, avaliou. Com as denúncias de corrupção, a Petrobras acumula desvalorização de mais de 30% no ano. 

Enquanto, no Brasil, o volume financeiro da Bolsa foi mais fraco que o normal, de R$ 4,58 bilhões, abaixo da média diária de 2014, de R$ 7,3 bilhões, nos Estados Unidos, os principais índices atingiram novos recordes. O Dow Jones, da Bolsa de Nova York, chegou a passar dos 18 mil pontos para fechar com alta de 0,87% a 17.959 pontos. O S&P 500 avançou 0,38%, aos 2.079 pontos. O indicador tecnológico Nasdaq perdeu 0,04%.