A Polícia Federal indiciou executivos de mais duas empreiteiras por crimes na Operação Lava-Jato. Diretores da Camargo Corrêa e da Engevix cometeram fraude em licitações da Petrobras, apontou relatório entregue ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. De acordo com o delegado Eduardo Mauat da Silva, diretores da Engevix também são acusados de uso de documento falso e falsidade ideológica. Os executivos da Camargo Corrêa foram indiciados por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. 

Os indiciamentos são o próximo passo para novas denúncias na Operação Lava-Jato. Em caso de condenação, os executivos passariam ainda mais tempo na cadeia. A PF já havia indiciado outras empreiteiras, como a OAS, por fraude em licitação. O Ministério Público Federal (MPF) também denunciou os acusados, mas sobre outros delitos cometidos, como organização criminosa. 

A PF indiciou os executivos João Ricardo Auler, Dalton Avancini e Eduardo Leite, da Camargo Corrêa; e Gérson Almada, Cristiano Kok, Carlos Strauch, Newton Prado, Luiz Pereira, Emílio Brunoro, Jacson Silveira, Tanel Abbud, Cláudio Martinez e Hilda Bittencourt, ligados à Engevix. O indiciamento ocorreu em 12 de dezembro, um dia depois das denúncias do Ministério Público. As empreiteiras estão prestes a sofrer mais uma ofensiva da Procuradoria, com novas denúncias a serem apresentadas à Justiça, sem contar inquéritos que ainda serão abertos, inclusive contra outras construtoras (veja quadro). 

A Camargo Corrêa e a Engevix, segundo ressalta a PF, participavam de um cartel que combinava licitações na Petrobras. No caso da primeira, o relatório inclui a acusação do primeiro processo criminal contra o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef: a de que a empresa repassou dinheiro para o esquema de lavagem por meio da fornecedora de tubos Sanko Sider. De lá, os recursos seguiram para empresas Youssef, então operador do PP. 

A Engevix recebeu ao menos R$ 1,8 bilhão da Petrobras e repassou R$ 7,9 milhões para firmas controladas pelo doleiro. Os contratos foram feitos por ordem de Gerson Almada, segundo depoimento de Strauch, mas os supostos serviços são ignorados. Almada silenciou perante a PF. A assessoria da Engevix afirmou ao Correio que os advogados da empresa prestarão os "esclarecimentos necessários à Justiça". 

Em 14 de novembro, a polícia apreendeu uma planilha com a divisão de obras entre várias empreiteiras nos escritórios da Engevix. Como se fosse um "bingo", os projetos eram loteados entre o chamado "clube", como afirmou o delator Augusto Mendonça, executivo da Toyo Setal. "Afastada a hipótese de se tratar de uma mera brincadeira entre amigos - o que faria pouco sentido no contexto dessa investigação -, a análise tanto corrobora a existência de um cartel entre as empreiteiras (...) como oferece também outros participantes a serem oportunamente investigados", disse o delegado Mauat. À época da denúncia do MPF, a Camargo Corrêa afirmou que se defenderá em um "julgamento justo e equilibrado". 

JBS 

A empresa de alimentos JBS, maior processadora de carne bovina do mundo, teria depositado R$ 800 mil nas contas de uma empresa de fachada investigada pela PF. A firma disse que fez o depósito nas contas indicadas por duas empresas e duas pessoas que venderam uma unidade industrial e dois centros de distribuição à JBS. Ontem, as ações da empresa sofreram queda na Bolsa de Valores após a divulgação de que supostamente manteve negócios com companhias envolvidas na Operação Lava-Jato. 

STF nega prisão domiciliar a Cunha 

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a negar prisão domiciliar ao ex-deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) até que ele pague R$ 536 mil - valor ainda sem atualização monetária - como reparação pelos danos causados com o desvio de dinheiro público decorrentes da condenação no processo do mensalão. Até agora, ele só pagou R$ 5 mil. 

PF nega proteção a Venina. Graça Foster rebate ex-gerente 

O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, negou ontem um pedido de proteção à ex-gerente da Petrobras Venina Velosa. A escolta havia sido requisitada pelo deputado federal e senador eleito Ronaldo Caiado 

(DEM-GO) depois de Venina revelar a existência de e-mails nos quais ela alertava a presidente da estatal, Graça Foster, sobre irregularidades na empresa. Segundo a PF, a solicitação de proteção deve partir da própria Venina. Ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, Graça Foster disse que "em nenhum momento ela (Venina) fala em corrupção, fraude, conluio, cartel. São palavras muito simples de serem entendidas". O líder do PSDB no Senado, Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que "a presidente da Petrobras perdeu todas as condições de ficar à frente da empresa". 

Cerco às construtoras 

Confira acusações as empreiteiras 



» Denúncias por lavagem, corrupção e organização criminosa 

Camargo Corrêa 

UTC 

OAS 

Mendes Jr. 

Galvão Engenheira 

Engevix 

» Inquéritos 

Camargo Corrêa: fraude em licitação, corrupção ativa e lavagem 

Engevix Engenharia: fraude em licitação, falsidade ideológica e uso de documento falso 

UTC Engenharia: fraude em licitação 

OAS: por fraude em licitação 

Odebrecht Plantas Industriais: em andamento 

Galvão Engenharia: em andamento 

Investminas Participações: em andamento 

Coesa Engenharia: em andamento 

Mendes Júnior: em andamento 

Andrade Gutierrez: a ser aberto em 2015