Desavenças entre o grupo de Aldo Rebelo e o de Orlando Silva levam o partido a ficar sem a pasta
Uma briga interna de dois grupos políticos do PCdoB fez com que a legenda deixasse o Ministério do Esporte após 12 anos e assumisse, a partir de 1º de janeiro, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT). No centro da disputa, o ministro Aldo Rebelo - que vai migrar de uma pasta para a outra - e o ex-ministro Orlando Silva, titular do Esporte até 2011, quando deixou o cargo após a faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff no primeiro ano de mandato.

O partido foi pego de surpresa com a decisão da presidente, embora, pessoalmente, Aldo Rebelo tenha gostado da troca, sentindo-se prestigiado. Alvo do tiroteio político do grupo de Orlando, ele sobreviveu aos ataques e foi deslocado para uma pasta em que terá carta branca para as nomeações dos demais escalões hierárquicos. No Esporte, Aldo estava amarrado à estrutura montada pelo PCdoB desde 2003, quando a legenda foi escolhida pelo então presidente Lula para comandar a política esportiva.

Dilma ainda reconheceu o empenho pessoal de Aldo, que abriu mão de se candidatar a mais um mandato de deputado federal e o parabenizou pelo êxito do país na realização da Copa do Mundo este ano. Aliados de Aldo também lembram que a pasta do Esporte teria "prazo de validade": agosto de 2016, quando ocorrerá a Olimpíada, no Rio de Janeiro.

Como mostrou a coluna Brasília-DF de ontem, o grupo ligado a Orlando Silva jamais aceitou perder espaço no Ministério do Esporte sob a suspeita de ter firmado convênios irregulares com organizações não governamentais ligadas à área esportiva. Nas últimas semanas, intensificaram-se as especulações de que o PCdoB, o mais fiel dos partidos de esquerda na coligação petista, poderia abrir mão do Esporte e assumir a Cultura, com duas opções de indicação: as deputadas Jandira Feghali (RJ) ou Luciana Santos (PE).

Aposta

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo encontrou-se com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, há três semanas. Segundo confidenciou ao Correio, em nenhum momento Mercadante adiantou a possibilidade de o PCdoB deixar o Esporte. Na época, ainda era forte o assédio do PMDB do Rio, que desejava emplacar o deputado Pedro Paulo (RJ) para a pasta. O parlamentar é muito próximo ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Pedro Paulo, contudo, optou por permanecer no Rio, onde pretende disputar a prefeitura em 2016.

O desfecho parecia transcorrer para a manutenção do PCdoB no Esporte, mas Dilma aceitou, na terça-feira, a indicação da bancada do PRB da Câmara e escolheu o deputado George Hilton (MG) para o lugar de Aldo Rebelo. A indicação, segundo apurou o Correio, não passou pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), mas pelo presidente nacional da sigla, Marcos Pereira. Dilma quis agradar à bancada da Câmara - da qual Hilton era líder -, que saltará de 10 deputados neste ano para 21 a partir de fevereiro de 2015.