Na próxima quinta-feira, 1º de janeiro de 2015, Rodrigo Rollemberg (PSB) tomará posse como governador do Distrito Federal e terá o retrato pendurado ao lado dos 35 políticos que chefiaram o Executivo local. Dará, pelos próximos quatro anos, continuidade a uma história de gestão iniciada em 1969, data de nomeação de Hélio Prates, o primeiro governador do DF. A cerimônia será na Câmara Legislativa, às 10h. A transmissão de cargo, na qual Agnelo Queiroz passará a faixa ao socialista, ocorrerá a pouco mais de 1km dali, no Palácio do Buriti, às 11h. Desta vez, não haverá coquetel de encerramento. A ordem do futuro governador é economizar na festa para que seja sem pompa. 

Antes de tudo isso, no entanto, o primeiro compromisso será a tradicional missa. Rollemberg é católico, frequentou paróquias durante a campanha eleitoral e, assim como no dia da votação, irá logo cedo, às 8h, a uma celebração na Igreja Dom Bosco, na 702 Sul. A família o acompanhará. 

Na Câmara Legislativa, a cerimônia será no auditório. O local tem capacidade para aproximadamente 500 pessoas. Até 2011, a cerimônia ocorria no Plenário da Casa. Por causa da melhor distribuição do espaço, o evento passou para o auditório. São esperados amigos e colegas de partido, além de apoiadores e futuros funcionários do GDF. 

O presidente da Câmara, deputado Wasny de Roure (PT), presidirá a sessão solene. Uma comissão de pelo menos três distritais vai secretariar os trabalhos. Serão eles que receberão Rollemberg e o vice-governador eleito, Renato Santana (PSD). Após o Hino Nacional, o próximo chefe do Executivo local fará um juramento, no qual se comprometerá a respeitar os compromissos previstos na Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF). O vice repetirá o ato e, em seguida, será lido o termo de posse. 

Discurso 
Um dos momentos mais aguardados é o do pronunciamento. De acordo com o cerimonial, deve ser feito um discurso mais longo, no qual prevalecerá a apresentação dos projetos e das propostas de melhorias para a cidade. Governadores anteriores fizeram uma retrospectiva do governo anterior. 

Depois disso, Rollemberg e Santana seguirão em carro oficial para o Palácio do Buriti. A solenidade está prevista para o Salão Branco. Há espaço para até 600 convidados, entre autoridades públicas e empresariais, familiares e chefes de poderes constituídos. Rollemberg empossará os novos secretários e fará outro discurso, agora, mais enxuto. O cerimonial moderno é mais objetivo. E essa é a orientação, além da economia. Sem pompa, mas com circunstância, revelou o chefe do Cerimonial, Paulo Domingues. 

Apoio

Na última semana de trabalho da Câmara Legislativa, há 10 dias, o clima para a cerimônia de posse seguia indefinido. Ainda não era possível afirmar quantos distritais participariam do evento. Alguns parlamentares chegaram a dizer que a postura não era tão receptiva. Um dos motivos seria a rejeição a uma emenda apresentada pela deputada Celina Leão (PDT), uma das principais aliadas de Rollemberg no Legislativo. Mesmo assim, boa parte dos parlamentares reeleitos declarou apoio ao socialista dentro da Casa e deve comparecer à solenidade.
 


Personagem da notícia

 

 (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)


De engraxate a cerimonialista

Do município de Cianorte, no Paraná, para Brasília. Paulo Domingues, 54 anos, é chefe do Cerimonial do Governo do Distrito Federal (GDF) há oito mandatos, ou seja, de sete governadores. Está à frente da organização dos eventos oficiais da capital federal desde a época do governador nomeado José Ornellas, em 1982.

De família humilde, era o único filho graduado até o ano passado, entre 12 irmãos. Chegou à cidade aos 6 anos, por meio do irmão recém-admitido no Exército brasileiro. As promessas da nova capital conquistaram a família, que deixou o interior paranaense a bordo de uma Kombi. Frango e farofa abasteceram a criançada durante os quatro dias de viagem até a Região Centro-Oeste.

Paulinho, como é conhecido pelos amigos, começou na labuta como vendedor de jornal. Para ganhar mais dinheiro e inteirar a compra de um caderno, dedicava-se ainda como engraxate e vendedor de picolé durante os fins de semana. Morava com a família em uma casa improvisada onde hoje fica Ceilândia.

Antes de se formar em direito, vivia também da revenda de fios de cobre e de placas de endereço. Depois de tanta dedicação e trabalho duro, o cerimonialista conta com orgulho do dia em que teve o nome gravado em um prisma, colocado em cima de uma mesa de reunião internacional. Isso aconteceu na sede do Banco Mundial, em Washington. O nosso ofício é essencialmente técnico, mas respeitamos o viés político. É preciso conhecer as entranhas políticas, ou seja, entendê-las, até para saber quem vai sentar-se ao lado de quem na hora do evento. Vestimos a camisa de quem está no comando, mas, quando acaba, a gente veste outra. A nossa carreira é de Estado e não de um determinado partido. Às vezes, é preciso ser mais político do que o próprio governador, avalia.