Esta semana comemoramos os 70 anos da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz. Arbeit macht frei (“O trabalho liberta”) é a mensagem que encimava o portão de entrada do maior centro de tortura e matança da história da Humanidade.

Em Auschwitz, foram mortos um milhão de judeus, 74 mil poloneses, 21 mil ciganos, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos e 15 mil civis de outras nacionalidades.

Em 27 de janeiro de 1945, o Exército soviético entrou no complexo de campos de Auschwitz, Birkenau e Monowitz, liberando cerca de sete mil prisioneiros, a maioria doente e moribunda. A SS nazista deportou 1,3 milhão de pessoas para o “complexo da morte”, entre 1940 e 1945. Destes, 1,1 milhão foram exterminados.

Os médicos da SS realizaram monstruosas experiências no hospital localizado no bloco 10 do campo, onde usaram como cobaias bebês, gêmeos, anões e mulheres que eram esterilizadas. O chefe desta indignidade foi o médico Josef Mengale que, supostamente, exilou-se no Brasil após a derrota nazista.

Para acelerar a matança nos campos foi testado, em 1941, o gás zyklon B, e o “sucesso” foi disseminado para outros campos.

Em novembro de 1944, por ordem de Himmler, chefe nazista, as câmaras de gás começaram a ser desativadas e camufladas, à medida que as tropas soviéticas se aproximavam da área. A intenção era apagar vestígios da monstruosidade praticada.

Passados 70 anos, a Europa volta a viver o pesadelo de racismo, xenofobia e ódio étnico. Partidos de extrema-direita voltam a galgar popularidade, com destaque para a França, Alemanha, Itália, Bélgica e outros países.

Os governos da Alemanha e da França estão empenhados com sinceridade em combater a evolução do racismo e do antissemitismo mas, parece notório, que há muito por fazer. É preciso divulgar, com muita frequência e intensidade, o que foi a desgraça trazida pelo nazismo, um movimento derrotado, que foi idealizado para durar mil anos mas não passou dos 12 anos de existência.

É preciso registrar que, na véspera do histórico domingo da passeata em Paris, quando cerca de 1,5 milhão de pessoas foram às ruas para protestar contra o massacre na redação do “Charlie Hebdo", uma manifestação convocada para a porta do shopping Kosher, onde foram mortos quatro judeus franceses, passou indiferente ao grande público e apenas duas mil pessoas compareceram, sendo a maioria absoluta de judeus.

Derrotar a filosofia de Auschwitz é derrotar o ódio, a ignorância histórica e a passividade popular. Dizem os historiadores que as estradas que levavam a Auschwitz foram construídas pelo ódio, mas foram pavimentadas pela indiferença mundial.