Com a divulgação de um balanço não auditado sem in formações sobre o impacto da corrupção em seus resultados, a Petrobras viu seu valor de mercado encolher R$16,6 bilhões em apenas dois dias,para R$ 112,055 bilhões. Ontem ,os papéis preferenciais (sem direito a voto) caíram 3,10%, a R$8,75. As ações ordinárias (com voto) recuaram 1,85%, a R$ 8,47. Na mínima do dia, os papéis chegaram a despencar mais de 7%. Além da falta de informações sobre o impacto dos desvios de recursos investigados na Operação Lava-Jato e o cancelamento de projetos, investidores re percutiram também a possibilidade de não pagamento de dividendos.

NEGOCIAÇÃO COM CREDORES

A queda dos papéis da estatal nos últimos meses já foi citada até em conversa de internautas com o ministro da Fazenda , Joaquim Levy, no início de janeiro. Entre as perguntas que ficaram sem resposta, o ministro evitou comentar o que chegaria primeiro a R$ 5: as ações da Petrobras , a gasolina ou o dólar . Em conferência com analistas, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que a companhia precisa publicar o balanço de 2014 com aval do auditor , a PricewaterhouseCoopers (PwC) entre abril e junho para atender às exigências de credores. Se não conseguir apresentar as informações neste prazo , os investidores podem pedira antecipação do vencimento dos títulos emitidos no exterior ,o que aumentaria ainda mais o endividamento da companhia.

Segundo analistas, sem o balanço, em junho, venceriam mais de US$ 50 bilhões em dívidas. Barbassa ressaltou que tem mantido contato com os credores para uma possível ampliação do prazo anual.— Temos agora um novo obstáculo pela frente, que é produzir o relatório anual auditado. Vamos certamente manter no nosso radar a continuidade ou ampliação da discussão — disse, destacando,no entanto, que a companhia pretende cumprir o prazo.A presidente da Petrobras,Maria das Graças Foster , ressaltou que a prioridade do acordo com os credores:— A gente monitora isso segundo a segundo, hora a hora.Com a desconfiança do mercado e a sucessão de escândalos enfrentados pela companhia com a Operação Lava-J ato, a presidente Dilma Rousseff não deve mais designar ministros para o Conselho de Administração da Petrobras . Interlocutores do Palácio do Planalto dizem que, para Dilma, a empresa precisa de nomes do setor privado . A prioridade é dar à Petrobras o distanciamento necessário para resgatar a credibilidade perdida.

SEM LEVY NO CONSELHO

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não chegou a ser convidado para a presidência do conselho, que hoje é ocupada por seu antecessor , Guido Mantega. No entanto, tem dito dentro do governo que não gostaria de ir . Levy está entre os que acreditam que a Petrobras precisa de nomes de mercado. Mas não será tarefa fácil.—Ninguém quer sentar naquela cadeira para responder por algo do qual não participou e do qual não sabe todos os detalhes—disse a fonte do governo .O mais provável é que a presidente não faça mudanças no conselho até que o problema do balanço esteja resolvido. Até lá, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior continuam no conselho da estatal com a missão de defender o governo
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