O Banco Central decidiu cortar pela metade a interferência que tem feito diariamente no mercado de câmbio desde agosto do ano passado. O BC anunciou ontem que continuará a atuar nesse mercado com a oferta de proteção cambial contra variações bruscas da cotação do dólar até pelo menos o fim de março do ano que vem. O volume de "Ração diária", entretanto, cairá de Us$ 200 milhões para US$ 100 milhões. Essa oferta é feita pelo BC por meio de leilões de swap cambial, instrumentos que equivalem à venda futura de dólar.

Além de prover proteção a empresários e investidores, essas operações também têm como objetivo reduzir a oscilação da moeda americana em relação ao real.

Ontem, o dólar fechou em R$ 2,655, um recuo de 1,81% no dia - no acumulado de 2014, a moeda americana registrou valorização de 12,69% sobre o real. Os leilões de swap têm como referência o dólar, mas, na prática, os negócios são fechados em reais.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já havia adiantado que prorrogaria o programa de swap para o próximo ano, mas não deu detalhes sobre prazos e volume diário ofertado sob alegação de que não tinha pressa.

Operadores do mercado, no entanto, aguardavam essas informações para traçar a estratégia de atuação nos primeiros dias de 2015.

O Banco Central se comprometeu ontem também a ofertar, de acordo com as necessidades do mercado, os chamados leilões de linha, que são a venda de dólares com o compromisso de recompra no futuro. Esse ti- po de operação é voltado principalmente para empresas em busca de dólares em espécie.

A instituição não declarou a quantidade da oferta porque a maior demanda por esse tipo de leilão é mais comum nos fins de ano, quando empresas multinacionais instaladas no Brasil precisam remeter lucros e dividendos para suas matrizes no exterior. Por fim, o Banco Central lembrou que poderá ampliar a oferta ou apresentar outros tipos de instrumentos cambiais "sempre que julgar necessário".

Crise. Iniciado em agosto de 2013, o programa de swaps tinha como validade até, pelo menos, o dia 31 de dezembro daquele ano.

Uma oferta diária nos moldes da anunciada na ocasião não ocorria desde 2002, mas a última vez em que o Banco Central havia oferecido um programa de swaps não diário foi em outubro de 2008, no auge da crise financeira internacional.

No fim de 2013, o programa foi estendido até 30 de junho do ano seguinte, mas foi ajustado. No lugar de vender US$ 2 bilhões por semana, passou a oferecer US$ 1 bilhão. No fim de junho, o Banco Central decidiu prorrogar o programa até dezembro deste ano no mesmo formato praticado até então.

A instituição acumula perdas de R$ 284 milhões com essas operações de janeiro a novembro de 2014. Até o resultado do mês passado, negativo em R$ 8,724 bilhões, registrava lucro com essas operações. Em dezembro, com a alta do dólar, espera se outro resultado negativo. No ano passado, o BC teve um prejuízo de R$ 1,315 bilhão com os leilões de swap. Em 2012, entrou para o caixa R$ 1,098 bilhão.

Valorização

Ontem, o dólar fechou em R$ 2,655, um recuo de 1,81% no dia - no acumulado do ano, a moeda americana registrou valorização de 12,69% sobre o real. Os leilões de swap têm como referência o dólar, mas, na prática, os negócios são fechados em reais.