Título: PAC na geladeira
Autor: Maciel, Alice
Fonte: Correio Braziliense, 02/07/2011, Política, p. 8

Principal bandeira de campanha da presidente Dilma Rousseff, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ainda não decolou nos primeiros meses de mandato da petista na Presidência da República. De janeiro a junho, o governo da "mãe do PAC" pagou apenas R$ 1,57 bilhão em novos projetos de uma dotação anual autorizada de R$ 40,193 bilhões. O valor corresponde a 3,91% da dotação, índice abaixo da média histórica para o primeiro semestre de 5,46%, medida entre os anos de 2007 e 2010, e metade dos 8,05% registrados no ano passado, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do Governo Federal, compilados pela ONG Contas Abertas.

Nos seis primeiros meses do ano passado, quando a dotação autorizada para o PAC foi bem menor ¿ R$ 29, 2 bilhões ¿, o então presidente Lula havia gastado R$ 2,34 bilhões com o programa e empenhado, ou seja, contratado R$ 15,7 bilhões, mais da metade do orçamento. Este ano, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável pela gestão do PAC, empenhou R$ 8,6 bilhões para novas obras. A maior parte dos R$ 12,1 bilhões investidos no PAC este ano (87%) pagou despesas do governo Lula. Ainda existe uma conta quase duas vezes maior em restos a pagar acumulados desde 2007: R$ 22,3 bilhões.

Pastas atingidas Apesar da lentidão no ritmo dos investimentos, a presidente prometeu ampliar o programa durante o pronunciamento de 29 de abril, em comemoração pelo Dia do Trabalho. O secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello Branco, acredita que no segundo semestre a execução do PAC será acelerada. "A presidente está tentando arrumar a casa", disse. Na visão dele, a presidente abriu mão de iniciar obras previstas no orçamento da União deste ano para quitar os restos a pagar do governo Lula. "Não faria sentido começar novos investimentos e deixar outros tantos inacabados", ponderou.

O setor mais abandonado no PAC até agora foi o da saúde. O ministério da área, com R$ 1,6 bilhão para investir no ano, só executou R$ 120,9 mil. Em compensação, pagou R$ 252 mil referentes às contas de Lula e ainda tem R$ 2,6 bilhões na fila de espera para pagamento. O Ministério das Cidades, maior orçamento no programa para este ano, de R$ 17,1 bilhões, empenhou R$ 549 mil. Mas apenas foram executados R$ 178 mil em obras, sendo que de restos a pagar foram gastos R$ 4,2 bilhões. No mesmo período do ano passado, o ministério com menos recursos para gastar tinha executado 75,8% a mais do que este ano.