Título: UE libera novo crédito à Grécia
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 02/07/2011, Economia, p. 13

Ministros da União Europeia farão teleconferência hoje para traçar condições da próxima rodada de ajuda ao país e liberar a quinta parcela de empréstimo de 110 bilhões de euros.

Em meio a tumultos e a uma forte revolta popular, o governo grego vai, enfim, ter uma boa notícia. Segundo fontes da União Europeia, os ministros de finanças da Zona do Euro devem aprovar hoje, via conferência telefônica, a liberação da quinta parcela do empréstimo de 110 bilhões de euros concedido no ano passado. Novos recursos, desta vez de 85 bilhões de euros, devem ser ratificados até 11 de julho, no segundo programa de ajuda ao país. O resgate adicional é tido como fundamental para a recuperação do país, que deve encolher 3,9% em 2011, antes de voltar a crescer em 2012, segundo estimativa do ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos.

A conferência, segundo o porta-voz da comissão europeia, substituirá o encontro presencial que estava marcado para acontecer domingo, em Bruxelas. Os ministros também discutirão os detalhes do novo pacote de ajuda para a Grécia, incluindo a possível contribuição dos credores privados.

Os governos europeus querem que os bancos rolem até 30 bilhões de euros em dívidas gregas que vencem até 2014, para ajudar a financiar o novo programa. Muitos acreditam que ele pode chegar até 120 bilhões de euros. Na conversa por telefone os ministros devem alinhar os termos mais amplos do novo pacote de ajuda, mas não devem fechar o acordo. Isso ficará para a reunião de 11 de julho entre os ministros.

O encontro telefônico deste fim de semana foi convocado em caráter de emergência na segunda-feira da semana passada. Ontem, o porta-voz do ministério das finanças da Alemanha, Martin Kreienbaum, confirmou que "a pauta da reunião é a consideração e aprovação das condições para a próxima tranche de ajuda para a Grécia".

O grave problema financeiro que vem deixando o país à beira de uma bancarrota começou há tempos. O país gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Ao mesmo tempo em que os cofres foram esvaziados pelos dispêndios, a receita foi afetada pela evasão de impostos, que deixou o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008.

O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Novos recursos só foram possíveis depois que a União Europeia e o FMI entraram em cena. O problema maior está concentrado nas instituições financeiras. A Grécia deve US$ 206 bilhões aos bancos. Desse total, US$ 162 bilhões são obrigações com instituições do continente, principalmente da França (US$ 65 bilhões) e da Alemanha (US$ 40 bilhões). A dívida com o sistema norte-americano é de US$ 41 bilhões.