Um descontentamento dentro do PT será o primeiro desafio do futuro titular da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), o deputado federal reeleito Pepe Vargas (PT-RS). Apesar de o escolhido ter boa articulação com parlamentares petistas e de outras bancadas, a decisão de Dilma despertou ciúmes dentro do PT, especialmente entre correntes internas que ainda não foram contempladas com cargos no primeiro escalão, como o Movimento PT (MPT), dos deputados Arlindo Chinaglia (SP), Geraldo Magela (DF) e da senadora eleita Fátima Bezerra (RN). Mesmo minoritária, a Democracia Socialista (DS) emplacou três nomes na Esplanada: o próprio Pepe; Miguel Rosseto, na Secretaria-Geral; e Gabriel Medina, na Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), vinculada à Secretaria-Geral da Presidência. 

"O problema não é tanto ele (Vargas), é a postura que a DS tem quando ocupa um espaço, de chegar e dizer: "Aqui é tudo nosso", de não dialogar com outros setores. Veja o caso de Medina: ele foi referendado praticamente só pela DS. Nem o PCdoB, que controla a União Nacional dos Estudantes (UNE), foi ouvida nessa indicação", diz um petista à esquerda no partido. 

O ressentimento é ainda maior no chamado campo majoritário do partido, que se considera subrrepresentado diante da "pouca expressão" da corrente de Pepe Vargas. Aliados do ministro minimizam as críticas e ressaltam o perfil de Vargas, adequado ao exercício da pasta. "Ele é estudioso. Costuma se aprofundar nos temas e ouvir as várias posições antes de decidir. Em uma situação de conflito, ele geralmente assume uma postura mais conciliadora", diz o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). "Ele é da coordenação da bancada do PT (na Câmara), na qual exerce, hoje, essa função de conversar com os deputados de outros partidos, de fazer a ponte", acrescentou. 

Além das dificuldades no PT, Vargas terá uma tarefa árdua do Senado, onde a oposição volta revigorada com nomes de peso, como os tucanos Aécio Neves (MG), José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG) e Tasso Jereisati (CE). Agripino Maia (RN) e Ronaldo Caiado (GO), ambos do DEM, também integram o grupo. Mesmo tendo maioria formal para a hora das votações, caberá a Vargas azeitar a base aliada para evitar deslizes no Senado.