A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional que investiga irregularidades na administração da Petrobras fará hoje uma acareação - procedimento em que testemunhas são colocadas cara a cara para esclarecer divergências - entre o ex-diretor da área Internacional da estatal Nestor Cerveró e o ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa, delator do esquema de corrupção, que envolve suposto superfaturamento e lavagem de dinheiro dentro da empresa, com participação de partidos e construtoras.

Para o deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM na Câmara, o principal objetivo da oposição hoje é obter "informações adicionais sobre as posições bem antagônicas" e tentar descobrir se a diretoria de Cerveró foi mesmo "palco, canal de desvios de recursos da Petrobras para partidos e interesses pessoais".

Durante a votação do requerimento, a base governista se posicionou contra o pedido, pois Costa já compareceu à CPI e não respondeu às perguntas usando o direito de ficar calado. No entanto, parlamentares da oposição, citando reportagens da imprensa, lembraram que Costa acusou Ceveró de ter recebido propina o qual, por sua vez, negou a irregularidade.

Alguns parlamentares que compõem a CPI acreditam que Costa não dará declarações durante a acareação de hoje. Outros preferem apostar na contribuição do ex-diretor de abastecimento da estatal apesar de ter assinado o acordo de delação premiada com a Justiça.

Para amanhã, está previsto o depoimento de outro ex-diretor da Petrobras: Ildo Sauer, que comandou a diretoria de gás e energia. Um dos pedidos de convocação cita trecho do depoimento de Paulo Roberto da Costa em Curitiba, onde tramita uma ação penal sobre as denúncias. Costa teria citado que um percentual dos contratos fechados por algumas diretorias, entre elas a comandada por Sauer, era destinado ao PT. Sauer ocupou o cargo de diretor de gás e energia da empresa entre 2003 e 2007, período em que o esquema já funcionava, ressaltou o requerimento.

Apesar dessas novas etapas da investigação da Comissão, parlamentares da oposição ainda vão insistir na necessidade de uma nova CPI em 2015 para continuar a investigação sobre o caso no próximo ano. A previsão é que a atual CPI do Congresso encerre os trabalhos em cerca de três semanas: até 22 de dezembro.