Rodrigo Rollemberg (PSB) fez questão de anunciar seus escolhidos na Segurança Pública pessoalmente. Acompanhado de um delegado, de dois coronéis e do futuro secretário de Segurança, Arthur Trindade, o socialista disse que quer integrar as corporações, implantar o programa Pacto Pela Vida — criado pelo governo de Pernambuco, de Eduardo Campos —, e ampliar a sensação de segurança na capital do país. O único nome que não é novidade é o de Hamilton Júnior, do Corpo de Bombeiros há quatro meses. Para a escolha do novo diretor da Polícia Civil e do comandante da Polícia Militar, Rollemberg ouviu aliados, especialistas e contou, principalmente, com a ajuda de Arthur (veja Quem é quem). Apesar de ser ligado à Segurança, o Departamento de Trânsito (Detran) não teve indicações até agora. O atual diretor, Rômulo Félix, pode continuar no cargo.

O futuro governador garantiu que os representantes da Segurança terão total autonomia para montar as equipes. “É uma turma operacional, montada sem nenhum tipo de interferência política e integrada por profissionais qualificados, reconhecidos nas instituições em que atuam pela capacidade de liderança e de diálogo”, afirmou o socialista. Rollemberg afirmou ainda que a proposta é que as corporações trabalhem juntas, em um pacto por Brasília. “Ele se sustentará no tripé formado por prevenção, combate ao crime e inteligência. O objetivo é que exista profunda interação entre as forças de segurança, os órgãos do estado, os demais setores do governo e a sociedade”, complementou.

Fundamental na escolha dos nomes anunciados ontem, o sociólogo e futuro secretário de Segurança disse que o foco principal foi a operacionalidade dos escolhidos e a capacidade de implantar o Pacto pela Vida. “É uma metodologia baseada na responsabilização das unidades policiais; na geração de indicadores, que serão monitorados por um observatório de Segurança Pública; e numa sistemática de governância, que prevê que representantes das polícias, do governo e de outros órgãos se reúnam periodicamente para articular as próximas ações”, explicou.

Além de defender o aumento de efetivo, Trindade disse que outras medidas estão sendo avaliadas, como a redistribuição de policiais da área administrativa para a operacional e mudanças no sistema de treinamento das corporações. “Não considero uma boa prática fazer muitos concursos e nomear grande quantidade de policiais e passar quatro ou cinco anos sem contratar. Acho mais razoável ter um fluxo contínuo de entrada de bombeiros, policiais militares e civis, o que pode ter um impacto positivo na estrutura de treinamento, de carreiras e aposentadoria.”

Ele explicou que existirão duas metas de resultado. Uma é focada nos crimes violentos e intencionais e a outra, na sensação de segurança. Também haverá diversas metas de desempenho, como taxa de elucidação de homicídios e aumento no número de armas apreendidas, que se refletem nas metas de resultado. “O sistema de meritocracia será respeitado. Estamos estudando possibilidades de como recompensar os policiais. Gratificações extras é uma delas.”

Apesar de ter dito que não abriria mãos da próprias escolhas para a área da Segurança, Rollemberg anunciou o delegado Eric Seba como diretor-geral da Polícia Civil. Ele foi o nome escolhido pela categoria, em uma lista enviada ao governo pela Associação dos Delegados de Polícia Civil e pelo Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF. Delegado de polícia desde 1990, Seba explicou que a meta é reduzir crimes. “A prioridade é a redução do homicídio. No entanto, crimes como roubos a transeuntes e furtos a residências trazem uma sensação de insegurança muito grande. Por isso, a ideia é agir de forma geral”, detalhou.

O novo comandante da PM, Florisvaldo Ferreira César, disse que a prioridade será aproximar os militares da população. “Temos que direcionar a polícia para o cidadão, transformar em uma polícia comunitária, de bairro. Esses serão os esforços”, explicou. O comandante dos Bombeiros, que está no cargo há quatro meses, disse que o trabalho se mantém como vem sendo feito. “Vamos continuar com o que fazemos de melhor: ajudando pessoas, salvando vidas e preservando o patrimônio”, detalhou Hamilton Júnior.

Quem é quem

Secretaria de Segurança Pública

Arthur Trindade

Nascido em Alegrete (RS), Arthur Trindade, 46 anos, é graduado na Academia Militar das Agulhas Negras, mestre em ciência política e doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, trabalha como professor adjunto do Departamento de Sociologia da instituição federal brasiliense e, desde 2003, coordena o Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da UnB.
Arthur também integra o Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No total, tem mais de 18 anos de pesquisa na área, com ênfase em temas como violência, violência policial, democracia e cidadania. Foi anunciado secretário de Segurança do Distrito Federal em 15 de dezembro.

Polícia Civil

Delegado Eric Castro

Formado em direito, o delegado Eric Seba Castro nasceu em Brasília e tem 52 anos. Ele também concluiu cursos de negociação e gerenciamento de crise na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil e de investigação voltada para entorpecentes pela Agência Federal de Investigação (FBI, sigla em inglês).
Eric faz parte da Polícia Civil do Distrito Federal desde 1984. Tornou-se delegado em 1990. Desde então, chefiou diversas unidades, como Roubos e Furtos, Tóxicos e Entorpecentes, a 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) e a Divisão de Repressão a Sequestro (DRS). Atuou como diretor do Departamento de Polícia Circunscricional e do Departamento de Polícia Especializada (DPE), além de ser vice-diretor da Academia de Polícia Civil, onde atualmente é instrutor. Ocupa o cargo de coordenador da Região Metropolitana da PCDF.

Polícia Militar

Coronel Florisvaldo César

Nascido em Brasília, o coronel Florisvaldo Ferreira César, 44 anos, é formado em política e estratégia pela Escola Superior de Guerra e bacharel em segurança pública pela Academia de Polícia Militar do Distrito Federal. Tem pós-graduação em direito internacional dos conflitos armados pela Universidade de Brasília (UnB), em alinhamento estratégico pela Academia de Polícia do Ceará e em cursos de gerenciamento de crise, inteligência e negociação pela PMDF.
Florisvaldo integra a corporação desde 1990. Foi promovido a coronel em 1993. Ocupa o cargo de chefe do Departamento Operacional da PM. Atuou como comandante do BPM de Taguatinga e, durante a Copa do Mundo, comandou o Policiamento Regional Metropolitano. O coronel também participou de missões de paz da ONU na Sérvia (2004-2005) e na África (2009-2010).

Corpo de Bombeiros

Coronel Hamilton Júnior

O coronel Hamilton Santos Esteves Júnior tem 44 anos, nasceu no Rio de Janeiro, mas mora em Brasília há mais de 30 anos. Formou-se em educação física pela Universidade Católica de Brasília, com especialização em administração em educação, pela Universidade de Brasília (UnB), e em gestão pública, pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Também concluiu capacitações pelo Exército Brasileiro e outras nos Estados Unidos e na Espanha.
Esteves integra o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal há 26 anos, Ao longo da carreira, ministrou cursos de formação por todo o país. Trabalhou na Subsecretaria de Planejamento e Capacitação da Secretaria de Segurança Pública do DF. É coronel desde 2011 e assumiu o comando da corporação em agosto de 2014, cargo que ocupa atualmente.