A dois dias do fim da gestão de Agnelo Queiroz (PT), funcionários de pelo menos 18 órgãos continuam sem receber. Entre salários e benefícios, hoje é o prazo final estipulado pelo próprio governo para pagar esses servidores. No entanto, funcionários da saúde e da educação que fazem aniversário em dezembro não têm garantia de depósito do 13º salário. Após reunião com o governador e o secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, representantes dos professores e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) saíram sem perspectiva e se organizam para pressionar o futuro mandatário do DF, Rodrigo Rollemberg.

Além do problema orçamentário, o governo precisa solucionar a questão financeira. “Os órgãos da administração direta têm dinheiro em caixa. Esse não é o caso da saúde e da educação”, explicou Wilmar. “Os servidores podem ter certeza de que o governador concentrará todo o empenho possível para garantir o pagamento deles após os da administração direta receberem”, continuou, sem estabelecer uma data para o depósito.

A estimativa do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) é de que cerca de 10 mil funcionários — entre aniversariantes de dezembro e contratados em regime temporário — estejam sem receber o 13º salário. Um rombo de aproximadamente R$ 70 milhões. “O governo tinha se comprometido a fazer o depósito na segunda passada (dia 22), e nada”, protesta Cláudio Antunes, diretor da entidade.

Caso os professores e os servidores da saúde não recebam os montantes atrasados ainda em 2014, a solução deverá ser apresentada pelo governador eleito, Rodrigo Rollemberg. “Entendemos que a dívida com os professores é do Estado e não de uma pessoa. Não queremos ouvir argumentações frágeis de que a responsabilidade era da gestão anterior”, enfatiza Cláudio. “Prestamos serviço para a população e não para o governador”, finaliza.

Remanescentes
Dos 92 órgãos do GDF, 19 tiveram problemas nos vencimentos. Procurados pelo Correio, apenas a Secretaria de Meio Ambiente confirmou ter recebido o repasse. Para resolver a questão dos pagamentos, o governo cancelou uma série de obras e serviços previstos no orçamento para quitar as contas com os 216 mil servidores. O valor arrecadado supera R$ 1,3 bilhão, segundo informações do Sistema de Acompanhamento da Execução Orçamentária.

Além disso, o governo deve R$ 180 millhões para 14 empresas terceirizadas. Uma audiência pública com representantes do governo, do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação (Seac) e do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Sistema de Segurança Eletrônica, Cursos de Formação e Transporte de Valores (Sindesp) ocorreu ontem na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT) para tentar resolver o impasse. “A dívida do GDF só com a empresa responsável pelos serviços de vigilância e limpeza dos hospitais está na casa dos R$ 50 milhões”, afirma o presidente do Seac, Antônio Rabello. Como ainda não houve pagamento, está previsto outro encontro hoje.



Memória

Mês de protestos

Dezembro ficou marcado pela série de manifestações a partir do dia 9. Servidores da área da saúde e da educação e funcionários terceirizados do Governo do Distrito Federal de diversos setores foram às ruas, mais especificamente em frente ao Palácio do Buriti, para cobrar do governador Agnelo Queiroz o pagamento de salários e benefícios atrasados. Os empregados da saúde, por exemplo, decidiram, no dia 9, entrar em greve geral depois de não receberem os vencimentos. Dois dias depois, cerca de mil funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços a órgãos do GDF bloquearam os dois sentidos do Eixo Monumental. No dia 18, novo protesto prejudicou o trânsito. Desta vez, de funcionários de creches conveniadas ao governo local. Eles ocuparam a frente do Buriti por mais de cinco horas. Professores também reclamaram os seus direitos. No dia 22, bloquearam as seis vias próximas à sede do GDF também por causa de problemas no pagamento do auxílio natalício dos professores aniversariantes de dezembro. O Executivo conversou com todas as categorias e, diante da promessa de acerto, as manifestações foram interrompidas.