Título: Obama tenta última cartada
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Fonte: Correio Braziliense, 06/07/2011, Economia, p. 13
Presidente dos EUA convoca congressistas para tentar, até amanhã, um acordo que eleve o teto da dívida americana e evite uma moratória
Washington ¿ O presidente americano, Barack Obama, tenta sua última cartada para arrancar um acordo do Congresso dos Estados Unidos, nas próximas semanas, a fim de elevar o limite da dívida pública do país e evitar uma moratória sobre os títulos do governo. "É necessário que, nas próximas duas semanas, consigamos um acordo para reduzir o deficit e manter a confiabilidade financeira do governo americano", declarou Obama, em um curto discurso na sala de imprensa da Casa Branca. Incrédulo com o cenário de incertezas, o mercado reagiu negativamente.
O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), recuou 0,10% ontem. Depois do feriado da segunda-feira no país, os investidores deram uma pausa nas compras após a alta do mercado na semana passada. O fraco volume de negócios sugere que o mercado pode experimentar pregões mais voláteis nos próximos dias.
Obama anunciou ter convidado os líderes do Congresso à Casa Branca amanhã para conseguir um acordo sobre o aumento do limite da dívida e a redução do deficit orçamentário. "Apesar de continuarmos negociando hoje e amanhã, solicitei aos líderes dos dois partidos, em ambas as câmaras do Congresso, que venham para que possamos avançar para um acordo final, partindo do trabalho que já foi feito", completou o presidente. A Presidência e o Congresso estão comprometidos em difíceis negociações para evitar um default na dívida americana antes do início de agosto.
Cortes O Departamento do Tesouro estima que o país já não poderá reembolsar os empréstimos contraídos se o Congresso não modificar para cima o teto da dívida até 2 de agosto. "Espero que todos venham sem ultimatos, que abandonemos nossa retórica de politicagem e que atuemos no melhor dos sentidos, em favor de nossos cidadãos", afirmou Obama. Há duas semanas, a agência internacional de avaliação de risco Fitch informou que colocará os ratings dos EUA em "default restritivo" se o país não aumentar o teto da dívida e, em razão disso, não cumprir um pagamento de juros sobre seus títulos em 15 de agosto.
A dívida bruta do governo, que está em US$ 14,3 bilhões, alcançou em meados de maio o teto autorizado pelo Congresso e o deficit orçamentário alcançará US$ 1,6 bilhão neste ano. Os adversários republicanos de Obama, majoritários na Câmara dos Representantes, condicionam seu apoio a um aumento do teto da dívida à realização de cortes drásticos no orçamento. Em 29 de junho, em coletiva de imprensa, Obama chamou democratas e republicanos a sacrificar as "vacas sagradas", com o objetivo de alcançar um acordo, diante do risco de um não pagamento de consequências "importantes" e "imprevisíveis".
Portugal é rebaixado A agência de classificação de risco Moody"s rebaixou ontem a nota de Portugal em quatro degraus, de "Baa1" para "Ba2", e citou a possibilidade de reduzi-la ainda mais a curto prazo, por estimar que o país poderá não obter novos empréstimos nos mercados sem outro plano de resgate. Disse que os portugueses não conseguem cumprir as promessas feitas à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de redução do deficit. "É crescente o risco de que Portugal tenha que recorrer a um novo financiamento oficial antes de retornar aos mercados privados", sustentou.