O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso desde a semana passada na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, vai prestar novo depoimento amanhã ou na quinta-feira. Na nova oitiva, Cerveró deve falar sobre a negociação da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Ele é apontado como o autor de “projeto falho” que levou a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), a decidir pela compra do empreendimento, que causou um prejuízo, conforme o Tribunal de Contas da União (TCU), de US$ 792 milhões aos cofres da estatal.

Na manhã de ontem, a advogada Alessi Brandão tentou ter acesso aos autos referentes a todo o material apreendido na casa do ex-diretor, no Rio de Janeiro. O objetivo, de acordo com a defesa, com base nas informações, é preparar o cliente antes do depoimento. Havia a expectativa de que Cerveró pudesse prestar novos esclarecimentos ontem.

“Acredito que, na quarta ou na quinta-feira, ele deve falar novamente. Só vamos prestar esclarecimentos após ter cópia dos documentos. Temos um prazo de três dias para fazer essa análise e a oitiva será reagendada. Não é o Cerveró que não quer prestar esclarecimentos”, avisou.

A advogada explicou que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou liminarmente, na sexta-feira, habeas corpus em favor do ex-diretor. “Vamos fazer um pedido de habeas corpus para o STJ. Devemos protocolar amanhã (hoje)”, informou. Alessi Brandão esteve com Cerveró ontem pela manhã. “Ele está bem, na medida do possível. Ninguém fica bem nestas condições, ainda mais após o fim de semana, que não tem banho de sol”, afirmou.

Em dezembro do ano passado, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos referentes à Operação Lava-Jato, aceitou denúncia contra o ex-diretor por corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com o Ministério Público Federal, o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, e Cerveró receberam US$ 40 milhões de propina entre 2006 e 2007 para intermediar a contratação de navios-sonda destinados à perfuração de águas profundas na África e no México. No depoimento prestado à Polícia Federal, na quinta-feira da semana passada, Cerveró negou ter recebido qualquer suborno de Baiano e também que valores tivessem sido oferecidos.

A defesa do ex-diretor anexou à petição um parecer técnico, elaborado pelo escritório Saddy Advogados, atestando que a responsabilidade exclusiva sobre a negociação da Refinaria de Pasadena é do Conselho de Administração, presidido, na época, por Dilma.

O Ministério Público Federal do Paraná justificou o pedido de prisão dizendo que “há fortes indícios de que ele continua a praticar crimes”. Cerveró teve prisão preventiva decretada após movimentação financeira suspeita. Além de doar imóveis para parentes, no Rio de Janeiro, o ex-executivo da Petrobras teria tentado sacar R$ 500 mil de uma aplicação financeira. A Polícia Federal desconfia de que ele estaria se movimentando para fugir do país. Cerveró foi preso na quarta-feira da semana passada, no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, regressando de Londres, onde passou Natal e ano-novo com parte da família.

Custódia
À tarde, o vice-presidente executivo da empresa Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, retornou de uma unidade de saúde em Curitiba, onde estava internado desde a quarta-feira da semana passada. Ele é réu em uma das ações penais resultantes da Operação Lava-Jato. O laudo do hospital Santa Cruz havia informado que Mendes tinha um cálculo renal que exigia cirurgia e internação por período indeterminado.

Explosão em refinaria deixa três feridos
Três trabalhadores ficaram gravemente feridos após explosão em uma das unidades da Refinaria Landulfo Alves, em São Francisco do Conde, a 60km de Salvador. O acidente ocorreu na tarde de domingo, na Unidade Geradora de Hidrogênio, que passava por manutenção programada. Segundo a Petrobras, os feridos receberam os primeiros socorros no próprio local do acidente. Em seguida, foram levados para o Hospital de Medicina Humana, em Candeias (BA). O Sindicato dos Petroleiros da Bahia disse que as três vítimas são funcionárias de duas empresas terceirizadas, a Victória e a Potencial.