Um dos braços da Petrobras que está na mira da Polícia Federal é a Sete Brasil, criada no fim de 2010 para "gerenciar contratos" da estatal com os estaleiros fabricantes das sondas para o pré-sal, por ideia do ex-presidente da petroleira José Sérgio Gabrielli. Em 2014, a diretoria comandada por Graça Foster colocou Luís Eduardo Carneiro na empresa - conforme mostrou o Correio, denunciado por crimes como associação criminosa e falsidade ideológica, quando dirigiu a OSX no período de crise financeira dos negócios de Eike Batista. Investigado na Operação Lava-Jato, Pedro Barusco foi diretor de Operações da Sete Brasil.

Como mostrou o Correio ontem, a Operação Lava-Jato se prepara para apurar os negócios das empresas brasileiras e estrangeiros com o mercado offshore da Petrobras, turbinado pela exploração do pré-sal. Segundo a assessoria da Sete Brasil, os negócios com a Petrobras chegam a US$ 89 bilhões (R$ 234 milhões) para a produção de 29 sondas. Os valores serão pagos pelos próximos 14 anos e meio. Tudo foi ganho com licitação, diz a empresa em nota ao jornal. Dezessete sondas estão em produção em parceria com estaleiros, alguns ligados a empreiteiras investigadas na Lava-Jato, como Odebrecht, OAS, UTC Engenharia e Queiroz Galvão. A assessoria da Sete Brasil não explicou, no entanto, como funciona o gerenciamento de contratos. A empresa é formada por um capital de 5% da Petrobras, que indica seu presidente, por bancos privados e por 37,5% de fundos de pensão estatais, como Petros, Previ e Funcef. Mesmo assim, capta recursos públicos para tocar suas obras, no BNDES e no Fundo da Marinha Mercante.

Multa

Ex-gerente de Engenharia da Petrobras antes de ingressar na Sete Brasil, Pedro Barusco fez acordo com o Ministério Público Federal. Ele confessou crimes e se comprometeu a pagar US$ 97 milhões em pacto de colaboração premiada. Em troca, terá pedido de redução da pena.

A Sete informou ao jornal que abriu auditoria interna para apurar "supostas fraudes ou irregularidades em gestões anteriores". Os alvos são "todos os documentos e contratos relacionados aos projetos das sondas firmados desde a criação da Sete Brasil, em dezembro de 2010". "Até o presente momento, desconhecemos qualquer irregularidade." A empresa não comentou a denúncia do Ministério Público Federal de São Paulo contra Luís Carneiro. Destacou que hoje o caso está sob análise da Justiça e do Ministério Público Federal no Rio. Ao contrário da Petrobrás, a Sete-BR não fechou as portas para futuros negócios com a empresas da Operação Lava-Jato.

A empresa afirma que atende à política de usar conteúdo nacional entre 55% e 65% das peças das sondas. "O programa capitaneado pela Sete Brasil é um marco da indústria naval e offshore brasileira." Das 17 sondas em produção, a mais adianta está 85% concluída.

A reportagem questionou a Sete-BR como se dava a intermediação e quem era o proprietário das sondas ao final da construção. Em resposta, a empresa disse que as embarcações pertenceriam a uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) formada pela própria Sete Brasil e por operadores, como Odebrecht e Queiroz Galvão por exemplo. "A Sete Brasil é acionista majoritária, com uma participação que varia de 70% a 85%, junto com outro acionista, que será o operador de cada equipamento, com participação de 30% a 15%", detalhou. Os estaleiros contratados não tem participação acionária nos embarcações.

R$ 234 milhões

Valor dos contratos fechados da Sete Brasil com a Petrobras para a produção de 29 sondas .