Após quatro pregões seguidos de queda, a Bolsa de Valores de São Paulo subiu 0,8% ontem, puxada, sobretudo, pela valorização das ações da Petrobras. A possibilidade de Henrique Meirelles ocupar o lugar de Graça Foster à frente da petroleira animou os investidores e fez os papéis da estatal dispararem. As ações ordinárias subiram 8,82%, e as preferenciais, 6,86%. O Ibovespa, principal indicador dos negócios, também foi impulsionado pelos dados positivos de crédito na China, que fizeram subir os papéis da Vale.

No mercado de câmbio, após dois dias de perdas diante do real, o dólar voltou a ganhar terreno e avançou 0,8%, fechou o dia em R$ 2,64 para venda, refletindo um movimento de alta da moeda norte-americana em todo o mundo e as incertezas provocadas pela decisão do banco central da suíça de permitir a flutuação da moeda local, o franco.

Para especialistas, contudo, o mercado brasileiro tem recebido bem o discurso da nova equipe econômica e, se o governo conseguir transformar as promessas de ajuste em prática, o dólar pode encontrar um novo patamar entre R$ 2,60 e R$ 2,70. "Se o governo conseguir manter esse ganho de credibilidade, o humor do mercado vai melhorar e essa volatilidade excessiva deve acabar", avaliou o diretor de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello.

"Os investidores têm mostrado reação favorável ao novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy", apontou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. Além disso, ponderou, a bolsa respondeu também aos dados econômicos abaixo do esperado nos Estados Unidos. Os pedidos de auxílio-desemprego subiram em 316 mil na semana encerrada em 10 de janeiro. A expectativa era de que o indicador caísse 291 mil. Com a economia em ritmo mais lento, a avaliação dos investidores é que a esperada alta dos juros no mercado norte-americano pode não vir tão cedo, o que manteria um grande volume de capitais aplicados em países emergentes.

Suíça

Ontem, os mercados mundiais foram surpreendidos pela decisão do Banco Nacional da Suíça de suspender o piso mantido para a cotação do euro na moeda local, o franco. Desde 2011, a instituição estipulava uma taxa mínima de 1,20 francos por euro na tentativa de evitar uma supervalorização da divisa do país e o consequente prejuízo aos exportações suíços. Com a persistência da crise européia e a desvalorização contínua do euro frente ao dólar e outras moedas, a Suíça decidiu que não valia mais a pena arcar com o custo de segurar a moeda local.

Após a decisão, o franco suíço chegou a se valorizar 37% diante do euro. "O mercado não esperava por isso. O governo suíço alegou que, como o câmbio estava há muito tempo travado, uma correção era necessária. Com a desvalorização constante do euro, ficava ainda mais difícil para o banco central do país sustentar o franco. A Europa já vem sofrendo há muito tempo, o euro está apanhando muito", apontou Curvello.

A ação da autoridade monetária suíça provocou insegurança, o que fez aumentar a procura por dólar em todo o mundo, movimento que acabou tendo reflexo também no Brasil. Mas são os países do leste europeu, como Polônia e Hungria, aponta Curvello, quem mais devem sentir a decisão, por terem dívidas elevadas em francos.