A antecipação da saída de Graça Foster do comando da Petrobras deixou a presidente Dilma Rousseff pressionada a encontrar um nome para sucedê-la o mais rapidamente possível. Ela tem apenas 24 horas para encontrar alguém de esteja disposto a assumir uma empresa mergulhada num escândalo de corrupção. Por isso, Dilma decidiu escalar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para comandar a escolha do novo presidente da estatal.

Segundo fontes do governo, os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, vão ajudar na missão, mas Levy é a estrela que pode convencer um executivo do setor privado a aceitar a espinhosa missão de comandar a estatal.

Ao ministro da Fazenda também foi dada a tarefa de encontrar uma solução para o balanço da empresa referente ao terceiro trimestre de 2014, que foi divulgado sem auditoria.

A PricewaterhouseCoopers (PWC), contratada para fazer auditoria externa da empresa, recusou-se a auditar o balanço devido a uma falta de entendimento sobre o tamanho das perdas da empresa com o esquema de corrupção. Segundo a estatal, R$ 88,6 bilhões de 31 ativos foram superavaliados, com indícios de sobrepreço, o que poderia mostrar o custo de parte das irregularidades.

- O Levy é o cara para conversar com o mercado. O nome que ele endossar será bem digerido - afirmou um integrante da equipe econômica.

Na lista dos candidatos, os primeiros cotados foram o presidente da Vale, Murilo Ferreira, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o ex-funcionário da Petrobras e hoje da Ouro Preto Petróleo e Gás, Rodolfo Landim.

Os três têm boa imagem no mercado e seriam uma forma de tentar retomar a credibilidade da empresa.

Auxiliares da presidente Dilma dizem que Murilo Ferreira é uma boa opção. Ele se relaciona bem com Dilma, mas justamente essa questão pode atrapalhar a indicação, já que integrantes do governo acham que é momento de nomear para a estatal uma pessoa absolutamente independente, já que a relação próxima de Dilma e Graça dificultou uma decisão mais objetiva da presidente da República em demiti-la.

Diante disso, também passou a circular o nome da ex-secretária de Fazenda do município do Rio, Eduarda La Rocque, que já trabalhou com o ministro da Fazenda e chegou a ser cotada para assumir a secretaria do Tesouro Nacional quando Levy foi indicado para o ministério. Ela tem um perfil ortodoxo como o ministro e seria vista como um "braço" dele na estatal.

O nome do ex-presidente da Vale Roger Agnelli também vem sendo cotado, mas com menos chances de emplacar. Isso porque ele saiu da empresa de maneira tumultuada e brigado com o Planalto. Além disso, lembrou um interlocutor da presidente, ele apoiou o candidato da oposição Aécio Neves (PSDB) na disputa presidencial.

- Ele estava no comício do Aécio. Aí já é demais - lembrou um ministro.

Petistas, no entanto, cobraram a escolha de alguém com afinidade ideológica com o partido.

- Além de ser um nome do mercado, a presidente da República deveria considerar alguém identificado com o que ela defendeu na campanha eleitoral, que tenha identidade política com o que ela pensa - defendeu o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). (Colaborou: Fernanda Krakovics)