Em sessão tensa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), protagonizaram ontem um bate-boca no plenário. O motivo foi a decisão de Renan, com apoio do PT, de excluir PSDB e PSB da Mesa Diretora.
Trata-se de uma retaliação pelo apoio dessas duas siglas ao senador Luiz Henrique (PMDB-SC) na eleição pela presidência da Casa. Sem respeitar o critério da proporcionalidade (tamanho das bancadas dos dois partidos, que tinham direito a indicar os titulares da primeira e terceira secretarias), Renan compôs a chapa só com seus aliados.
A nova oposição, que conta ainda com ex-governadores como José Serra (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), avisou que, se os líderes fossem atropelados, não haveria consenso nem para a pauta de votações.
– Vossa excelência será o presidente dos ilustres senadores que o apoiaram, mas perde a legitimidade para ser presidente dos partidos de oposição nesta Casa. Vossa excelência desrespeita a democracia para atender as conveniências da sua eleição! – disse Aécio
– Que bom que isso esteja sendo dito por vossa excelência, que foi candidato a presidente da República, e tem a dimensão do que é a democracia reagiu Renan.
– Com muita honra! E tive 51 milhões de votos, que honro! – afirmou o tucano
– Veja em que conta vossa excelência leva a democracia! Por isso deu no que deu! Vossa excelência perdeu a chance de ser presidente da República, porque é estreito! – rebateu Renan.
– Vossa excelência apequena esta Casa! Vossa excelência acerta com aqueles que o apoiaram, despreza os partidos de oposição. Perdi de cabeça erguida, e vossa excelência venceu envergonhado! Olho nos olhos dos cidadãos, falo com a população brasileira! E vossa excelência venceu perdendo a dignidade que esse cargo devia ter! – disse Aécio, aos berros.
Os tucanos abandonaram a sessão, na qual foi eleita a chapa dos aliados de Renan. O primeiro vice-presidente será Jorge Viana (PT-AC), e o segundo, Romero Jucá (PMDB-RR). As quatro secretarias caberão a Vicentinho Alves (PR-TO), Zezé Perrella (PDT-MG), Gladson Cameli (PP-AC) e Angela Portela (PT-RR).

 

 

Falcão ameaça com expulsão

Depois que deputados do PT foram acusados de, na votação secreta, apoiar a eleição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou ontem à bancada petista que será expulso da sigla quem votar a favor da proposta de reforma política colocada em pauta pelo peemedebista.

- O partido tem posição fechada sobre esse assunto e não vai aceitar indisciplina - disse Falcão, em reunião da bancada, de acordo com deputados do PT.

Desde a reforma da Previdência proposta pelo governo Lula, em 2003, o PT não trata uma matéria legislativa com tanta rigidez. Naquela época, foram expulsos a então senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (SE), que acabaram fundando o PSOL.

O PT adotou a reforma política como bandeira ética após o escândalo do mensalão, mas diverge do formato da proposta colocada em pauta pelo presidente da Câmara, especialmente na parte que institucionaliza o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.