Senadores entram em embate com o presidente e deixam o plenário. Promessa de endurecimento da oposição (Moreira Mariz/Agencia Senado)
Senadores entram em embate com o presidente e deixam o plenário. Promessa de endurecimento da oposição

Depois de mais de três horas de bate-boca, o grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado do PT, conseguiu ontem excluir o PSDB e o PSB da Mesa Diretora. A disputa pelas duas vice-presidências e quatro secretarias se tornou um racha político entre a oposição e o comando do Senado. Renan e Aécio Neves (PSDB-MG) protagonizaram a discussão mais acalorada da noite, em que os adversários da presidente Dilma Rousseff deixaram o plenário com a promessa de endurecer a atuação no campo opositor.

No plenário, Renan sustentou que, como os líderes partidários não chegaram a um consenso para indicar nomes à Mesa Diretora, a escolha seria por votação. Tradicionalmente, os seis cargos são divididos entre os partidos de acordo com os tamanhos das bancadas. Segundo o critério, conhecido como regra da proporcionalidade, o PSDB teria direito a indicar um nome para primeira-secretaria e o PSB, para a quarta-secretaria. Como retaliação ao lançamento de Luiz Henrique (PMDB-SC) para a disputa à presidência do Senado, ocorrida no último domingo, Renan e aliados, no entanto, articularam para excluir as duas legendas.

A estratégia é arquitetada pelo grupo desde domingo, quando Luiz Henrique saiu derrotado. Na sessão, a oposição tentou evitar a perda dos cargos até o último instante. “Se Vossa Excelência está optando em, daqui para a frente, ser presidente de — quantos foram os votos? — 49 senadores, Vossa Excelência vai presidir esses 49 senadores (que votaram em Renan). Nós outros seremos presididos, como sempre fomos, pelo povo brasileiro”, disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).

Aécio Neves também tentou: “Fizemos isso (lançar Luiz Henrique) para manifestar a nossa discordância em relação à condução da Casa em relação à independência que ela não alcançava”. Sem sucesso, PSDB, PSB e DEM deixaram o plenário no momento da votação. Antes, o tucano e Renan travaram bate-boca aos gritos. Aécio acusou o peemedebista de não respeitar o critério da proporcionalidade por “compromissos que assumiu durante a campanha”. “Vossa Excelência perde a legitimidade para ser presidente dos partidos de oposição nesta Casa”, disse.

“Que bom que isso esteja sendo dito por Vossa Excelência, que foi candidato a presidente da República e tem a dimensão do que é a democracia”, rebateu Renan, acrescentando que “por isso, deu no que deu, Vossa Excelência perdeu a chance de ser presidente porque é estrela”. Por fim, foram eleitos para os outros cargos: Jorge Viana (PT-AC), primeira vice-presidência; Romero Jucá (PMDB-RR), segunda vice-presidência; Vicentinho Alves (PR-TO), primeira-secretaria; Zezé Perrella (PDT-MG), segunda-secretaria; Gladson Cameli (PP-AC), terceira-secretaria; e Ângela Portela (PT-RR), quarta-secretaria.

No meio da briga, a senadora Lúcia Vânia (GO) anunciou que deixará o PSDB. Ela havia sido indicada para a primeira-secretaria por Renan. Foi desautorizada pelo partido, em reunião liderada por Aécio, que queria lançar Paulo Bauer (SC). Lúcia Vânia disse que o partido a expôs e que, também por outros motivos, deixa a legenda.