O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) aumentou ontem de 4,9% para 7,3% o risco de faltar energia nas regiões Sudeste e Centro-Oeste — responsáveis pela produção de 70% da energia consumida no país — neste ano. Para o Nordeste, o índice se manteve estável em 1,2%.

Segundo técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME), com o uso pleno das usinas térmicas, o risco hoje se encontra em 6,1% nas duas áreas e zero no Nordeste. Esta é a primeira vez que o CMSE divulga o dado, levando em conta o cenário de despacho pleno das térmicas. No Sudeste e no Centro-Oeste, o índice está acima dos 5% definidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) como aceitável.

O MME reiterou que o sistema nacional tem condições estruturais para o abastecimento de energia no país, no momento, devido à capacidade de geração e transmissão instalada da ordem de 67.260 MW médios de energia.

Avaliação
O comunicado do comitê admite que as chuvas continuaram abaixo do volume normal na maioria das regiões no mês passado: nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, atingiram apenas 38% da média histórica; no Nordeste, 28%; e no Norte, 60%. Apenas no Sul as chuvas ficaram acima da média histórica e atingiram 215%. “As afluências nos próximos meses serão relevantes para a avaliação da adequação das condições de suprimento para 2015, o que reforça a necessidade de um monitoramento permanente”, concluiu o documento. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deverá adotar medidas adicionais para preservar os estoques nos principais reservatórios.

Um dia depois de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter aprovado aumentos de cerca de 46% nas contas de luz em algumas regiões, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, reafirmou que a perspectiva é de que os reajustes nas tarifas deste ano fiquem abaixo de 40%. “Ontem saíram reajustes anteriores à renegociação do financiamento”, disse, fazendo referência aos planos do governo federal de renegociar os empréstimos de R$ 17,8 bilhões captados por distribuidoras junto a bancos no ano passado. O governo quer aumentar de dois para até quatro anos o prazo de pagamento desses empréstimos, o que diluiria o impacto nas tarifas cobradas dos consumidores.

O ministro ainda disse que o governo federal está elaborando um plano para aumentar a eficiência energética do Brasil, que envolve geração de autoprodutores e outros instrumentos, como geração distribuída.