A economia da zona do euro cresceu 0,3% no último trimestre de 2014, alimentando esperanças de que a problemática recuperação da região esteja enfim ganhando força depois de anos de quase estagnação.
As expectativas melhores para este ano são turbinadas por três fatores. O primeiro é a queda no preço do petróleo, que permite que os consumidores gastem menos com combustível, abrindo a porta para outros investimentos, podendo estimular setores como varejo e indústria.
Outro ponto é a desvalorização do euro. Com a moeda em queda, os produtos do bloco --que agora conta com 19 países, a partir da entrada, em janeiro, da Lituânia no euro-- ganham competitividade no mercado externo.
Finalmente, há o programa de compra de títulos pelo BCE (Banco Central Europeu) que começa em março e que vai injetar € 1,1 trilhão na economia do bloco.
Essa conjunção de fatores sustenta a esperança de que o bloco finalmente vai superar a estagnação (ou quase estagnação) que enfrenta desde o início da crise global, em 2008.
A zona do euro cresceu apenas 0,9% no ano passado, resultado insuficiente para superar a retração dos dois anos anteriores.
E o indicador do quarto trimestre, apesar de superar as expectativas de analistas (a estimativa era de alta de 0,2%), mostrou uma expansão desigual --o caso mais claro é o contraste entre Alemanha e França, as duas maiores economias do bloco.
A Alemanha terminou o ano em alta, com expansão de 0,7% do terceiro para o quatro trimestre, deixando para trás as projeções dos analistas de alta de 0,3%.
A França enquanto isso conseguiu crescimento de 0,1% no trimestre final do ano, confirmando as expectativas de mercado e aquém do necessário para combater o desemprego recorde.
Na Alemanha, o índice de desemprego ficou em 6,5%, o patamar mais baixo desde a reunificação do país. Isso ajudou a estimular a demanda interna, com o consumo domiciliar crescendo "acentuadamente" nos últimos três meses do ano passado.
"Parece que os consumidores [alemães] estão gastando integralmente o dinheiro que ganharam de maneira inesperada com a queda nos preços do petróleo", afirmou Thomas Harjes, economista do banco Barclays.
A economia da Itália, a terceira maior da zona do euro, ficou estagnada --um resultado ligeiramente melhor do que o esperado.