Pela primeira vez, o presidente dos EUA, Barack Obama, admitiu a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para lutar em solo contra o EI (Estado Islâmico).

Obama enviou um projeto de lei ao Congresso que pede autorização para uma campanha militar contra a facção radical. Ela evitaria operações terrestres de longa duração, mas não exclui o uso limitado de soldados americanos em algumas missões.

"A resolução que apresentamos hoje não pede o envio de forças terrestres norte-americanas. Não é uma autorização para outra guerra em solo, como no Afeganistão ou no Iraque", afirmou Obama nesta quarta-feira (11).

"Ao mesmo tempo, [ela]fornece o equilíbrio necessário ao nos dar a flexibilidade de que precisamos para situações imprevistas", disse.

As Forças Armadas dos EUA poderão ser usadas em operações de resgate de americanos ou aliados e ações militares contra líderes do EI.

Também estão autorizadas a participação de tropas em operações de inteligência, missões para habilitar ataques cinéticos ""eufemismo usado pelo governo para operações militares com armas letais desde a intervenção na Líbia, em 2011-- e assistência ao Exército de parceiros.

Na prática, os EUA já realizam ataques aéreos contra o EI no Iraque e na Síria desde setembro de 2014. O país também enviou tropas para treinar soldados iraquianos.

A autorização do Congresso oficializaria o poder do presidente para efetuar essas operações contra o grupo e "forças e pessoas associadas a ele", diz o texto.

Não há limitações geográficas para as ações, o que permitiria operações além dos territórios iraquiano e sírio.

A autorização proposta por Obama terá duração de apenas três anos, até o início do mandato de seu sucessor ""limite inédito em resoluções do tipo. O presidente também terá de se reportar ao Congresso ao menos uma vez por semestre sobre suas decisões tomadas com base na lei.

Se o projeto for aprovado, será a primeira vez que o Congresso autoriza o uso da força militar desde 2002, quando o então presidente George W. Bush recebeu permissão para invadir o Iraque.

Obama havia pedido em seu discurso do Estado da União, em janeiro, que o Congresso aprovasse uma campanha militar contra o EI para "mostrar ao mundo que estamos unidos nesta missão."

DIVERGÊNCIA

Embora o projeto tenha apoio entre os legisladores, republicanos argumentam que os poderes dados pela autorização seriam limitados demais; para os democratas, eles podem ser excessivos.

"Se vamos derrotar esse inimigo, precisamos de autorização para uma estratégia militar abrangente e robusta, não uma que limite opções", disse o republicano John Boehner, presidente da Câmara.

Para o deputado democrata Adam Schiff, integrante da Comissão de Inteligência da Casa, preocupa a falta de limites geográficos no projeto. Além disso, segundo ele, a definição de "forças associadas ao EI" é elástica demais.

 

EUA, França e Reino Unido decidem fechar suas embaixadas no Iêmen

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Estados Unidos, Reino Unido e França anunciaram o fechamento de suas embaixadas no Iêmen e iniciaram nesta quarta (11) a retirada dos funcionários e de cidadãos devido à crise no país, provocada pela tomada do poder pela milícia xiita houthi.

Quase todos os servidores da embaixada americana já saíram do país, via Omã.

Ante de deixar os escritórios, eles destruíram vários equipamentos, armas e documentos importantes.

Os milicianos se apoderaram de vários veículos da representação que estavam levando funcionários ao aeroporto da capital, Sanaa.

A França recomendou a seus cidadãos que deixem o país o mais rapidamente possível e anunciou o fechamento provisório da embaixada a partir de sexta-feira (13).

O ministro britânico para o Oriente Médio, Tobias Ellwood, disse que a situação de segurança piorou muito nos últimos dias. "Consideramos que, lamentavelmente, os funcionários e a sede da embaixada estão em perigo. Portanto, decidimos retirar os funcionários diplomáticos e suspender temporariamente as operações da embaixada em Sanaa", afirmou.

Em Sanaa e em Taiz, iemenitas fizeram nesta quarta os maiores protestos desde que a milícia tomou o poder.

Centenas de pessoas se reuniram na capital contra os combatentes houthis, que instalaram checkpoints na cidade e guardavam prédios do governo que eles tomaram.

Trajando vestes tribais e portando rifles automáticos, os militantes houthis davam tiros para o ar e ameaçavam os manifestantes.

Em Taiz, que não foi tomada pela milícia, milhares de pessoas gritavam palavras de ordem contra os houthis.

O Iêmen vive onda de insegurança desde que o presidente Abdo Rabu Mansur Hadi e o premiê Jaled Bahah renunciaram, no dia 22, devido aos conflitos com a milícia.

Na sexta (6), os combatentes houthis dissolveram o Parlamento e criaram um conselho presidencial para "preencher o vazio de poder".