Título: Dengue sob novo controle
Autor: Santana, Ana Elisa
Fonte: Correio Braziliense, 07/07/2011, Brasil, p. 12

Os casos de morte pela doença caem 44% no primeiro semestre, mas governo alerta que as ações voltadas para a enfermidade precisam, além de combater o mosquito, focar em complicações mais agudas

Após sofrer uma das maiores epidemias de dengue em 2010 ¿ cerca de 1 milhão de pessoas foram contaminadas entre janeiro e dezembro, segundo estimativa do Ministério da Saúde (MS) ¿, o número de casos graves confirmados da doença caiu 45% nos seis primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. As mortes causadas pela dengue também diminuíram: em 2011, foram 310 óbitos, enquanto de janeiro a junho de 2010 o órgão registrou 554 casos. Uma redução de 44%.

No entanto, o cenário da dengue em alguns estados brasileiros é bem diferente dos animadores números gerais. Apenas cinco unidades da Federação ¿ Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará, Amazonas e São Paulo ¿ concentram 69% dos registros graves da doença. As diferenças, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do MS, Jarbas Barbosa, se dão porque estados como Rio de Janeiro e Amazonas não tiveram uma situação endêmica tão grave quanto o restante do país. No Ceará, onde houve um aumento de 1.100% de mortes, há um sistema mais eficiente para a confirmação de óbitos pela doença, segundo o secretário. "Eles conseguiram identificar a dengue como causa de morte até mesmo em alguns municípios muito isolados", diz Barbosa.

O foco do combate à dengue neste ano foram os casos graves e as mortes provocadas pela doença. Segundo Jarbas Barbosa, a surperposição e a recirculação dos vírus que causam a dengue fizeram com que não houvesse um queda muito grande dos registros. O vírus tipo 1 é o mais comum no país, mas houve aumento da circulação dos sorotipos 2 e 4. Esse último voltou a circular após 28 anos sem registro pelos órgãos de saúde. "A dengue passa por uma modificação no Brasil. Ela deixa de ser uma doença que produz casos leves e aumenta a possibilidade de casos graves". Por esse motivo, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os esforços devem ir além do combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. "A ideia de que combate é reduzir o foco e combater o mosquito já é ultrapassada para a realidade brasileira. O diagnóstico precoce para viabilizar o tratamento adequado é fundamental para reduzir os casos graves", explica o ministro.

Qualificação Para manter o bom resultado no combate à dengue durante o segundo semestre do ano, quando há menos casos registrados devido à menor incidência de chuvas, a Saúde planeja fazer treinamentos rápidos com profissionais de saúde, em horário de serviço, a fim de "renovar o conhecimento do médico e alertá-lo para a possibilidade de casos mais graves da doença", afirma o ministro. Também serão mantidas as campanhas para a prevenção convencional. "É fundamental que estados com poucos casos não baixem a guarda, assim como os que tiveram muitos casos reforcem as ações", diz Padilha.

Outra forma de combate à dengue, a vacina contra a doença deve começar a ser usada no país em cerca de três meses, segundo o secretário Jarbas Barbosa. De acordo com ele, há dois laboratórios brasileiros desenvolvendo tipos de imunização e um produtor internacional está testando uma vacina no Espírito Santo.