Título: Indústrias sentem o impacto
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 07/07/2011, Economia, p. 16

O dólar fraco segue produzindo estragos na indústria nacional. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, defendeu a adoção de uma política de defesa comercial, com restrição a licenças automáticas para importação, como forma de afastar o risco de desindustrialização do país. Na estimativa da entidade, o deficit comercial do setor de máquinas e equipamentos, de 2004 a 2011, chega a US$ 65 bilhões. "Isso representa a geração de 191 mil empregos no exterior. Esses postos de trabalho poderiam estar estabelecidos no Brasil", disse o empresário aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos(CAE).

O faturamento do setor de máquinas e equipamentos caiu cerca de 14% nos últimos sete anos, passando de R$ 89,9 bilhões em 2004 para R$ 77 bilhões neste ano. "O atual modelo econômico nos empurra para uma reprimarização da economia", afirmou Aubert Neto, após criticar a predominância de produtos primários na balança comercial brasileira.

Para Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Nacional da Indústria Têxtil (Abit), o setor é o maior prejudicado pela atual política cambial. As maiores perdas são um reflexo da concorrência com os produtos importados da China. No ano passado, o deficit comercial do segmento atingiu US$ 5 bilhões.

Acomodação Os números da indústria nacional de maio, divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostram que não há tendência de crescimento ou de queda na atividade. "Como não há uma regularidade, podemos concluir que há uma certa acomodação no setor", disse o economista entidade Marcelo de Ávila. Avançaram os índices de emprego (0,4%) e utilização da capacidade instalada (0,2 ponto percentual) e recuaram o faturamento (-1,3%) e as horas trabalhadas (-0,5%).