Título: Obama admite nova recessão
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Fonte: Correio Braziliense, 07/07/2011, Economia, p. 21

Em busca de apoio para pressionar o Congresso a votar pacote, o presidente dos Estados Unidos faz alerta catastrófico pelo Twitter

Washington ¿ O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu ontem, durante entrevista pelo Twitter, que os americanos poderão amargar uma nova recessão econômica, com graves consequências mundiais, caso o Congresso não eleve o limite da dívida do país. Por meio do microblog, o mandatário alertou que os EUA não deveriam "brincar" com o assunto, numa alusão direta à estratégia de seus opositores, liderada pelos republicanos, de protelar um acordo para aumentar, até 2 de agosto, o teto da emissão de títulos públicos, evitando, assim, uma moratória do governo.

"O teto da dívida é algo com o qual não deveríamos estar brincando", alertou Obama, dizendo que, se o limite não for ampliado, o Tesouro ficará sem dinheiro e não terá condições de pagar suas contas. Com esse cenário, completou o presidente, "os mercados de capitais do mundo inteiro poderão decidir que a total confiança e o crédito dado aos Estados Unidos não significam nada". A dívida bruta do governo, hoje em US$ 14,3 bilhões, já atingiu o teto autorizado pelo Congresso e o deficit orçamentário vai superar a casa de US$ 1,6 bilhão neste ano.

Espiral Os republicanos, majoritários na Câmara dos Representantes, condicionam o apoio ao aumento da dívida à realização de cortes no orçamento. Um dia depois de fazer um apelo aos adversários por um acordo, Obama usou ainda um tom catastrófico para tentar ganhar o apoio dos americanos para a questão da dívida. "Nossa nota de crédito poderá ser reduzida, as taxas de juros poderão subir drasticamente, e isso poderá causar uma nova espiral rumo a uma segunda recessão ou pior", declarou ele, pelo Twitter.

O alerta baseou-se no anúncio, feito há duas semanas, pela Agência Fitch, de avaliação de risco. No comunicado, a instituição anunciou que colocará os ratings dos Estados Unidos em "default restritivo" se o país não aumentar o teto de sua dívida. Hoje, o presidente americano volta a negociar, diretamente com seus adversários, um possível acordo para tentar resolver o impasse.