Título: Marina comanda diáspora
Autor: Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 08/07/2011, Política, p. 6

Ex-senadora confirma saída do PV e cria movimento pela sustentabilidade. Ideia é fundar nova legenda com aliados em 2013

Depois de seis meses em queda de braço com a direção nacional do PV, a ex-senadora Marina Silva despediu-se oficialmente do partido ontem. Para marcar a saída da ex-presidenciável, que recebeu quase 20 milhões de votos nas eleições de 2010, aliados organizaram um evento em São Paulo com a presença de lideranças verdes. A ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula afirmou que sua saída não foi pautada pelo calendário eleitoral e garantiu também que não sabe qual será seu futuro político. O mais provável é de que funde um novo partido em 2013 e tente novamente a Presidência no ano seguinte.

Pouco antes de Marina dizer adeus, o PV já lamentava, em nota, a situação política vivida: "Estamos passando pela primeira grande crise de crescimento. O Partido Verde e suas lutas, entretanto, são maiores do que qualquer pessoa." A ex-senadora, preferiu pedir uma "nova política" e indicou que o movimento em prol da sustentabilidade não desembocará, necessariamente, na criação de uma legenda. Apesar do tom de esperança, a avaliação é de que tanto o PV quanto a ex-ministra perdem com a despedida.

Eleições municipais Aliados acreditam que faltarão visibilidade e estrutura partidária, como tempo de televisão, para Marina nas eleições de 2014. O PV, por sua vez, estaria se desvinculando dos votos recebidos nas urnas em 2010 com Marina na cabeça de chapa. "Não é hora de ser pragmático, é hora de ser sonhático e de agir pelos nossos sonhos", resumiu Marina. O deputado Alfredo Sirkis (RJ) e o ex-deputado Fernando Gabeira (RJ) aproveitaram a ocasião para criticar os rumos do PV. Os dois defenderam a criação de um partido. Presidente do PV no Rio, Sirkis deixou a direção da legenda, mas tanto ele e Gabeira permanecem filiados, de olho nas eleições municipais do ano que vem. Devem seguir a decisão da ex-senadora seu braço direito, João Paulo Capobianco, e o empresário Guilherme Leal, entre outros.

A saída do PV é a segunda mudança de legenda promovida por Marina em dois anos. Ela deixou o PT em agosto de 2009 e se filiou ao PV para concorrer às eleições de 2010. Depois do pleito, Marina tentou oxigenar o PV, e exigia a saída do deputado federal José Luiz Penna (SP) da Presidência da sigla. Os verdes históricos, por sua vez, criticavam a relutância da ex-senadora em abraçar causas como a união homossexual e a descriminalização das drogas e do aborto. O desafino evoluiu para uma série de desentendimentos e Penna acabou reconduzido à Presidência do PV. Mesmo com a saída da ex-senadora já sacramentada, até o fechamento da edição, o site dos verdes ainda dava destaque à ex-presidenciável como integrante da legenda.

Comissão engavetada O governo federal já admite que não vai conseguir aprovar a Comissão da Verdade até o recesso parlamentar, que começa em 15 de julho. A meta havia sido estabelecida pela presidente da República, Dilma Rousseff. O projeto de lei que cria um grupo para apurar violações de direitos humanos deve ser analisado pelos parlamentares somente em agosto. O provável relator da matéria é o deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ), autor do requerimento para que a proposta fosse votada em regime de urgência. O texto final que cria a comissão, enviado pelo governo federal no ano passado, não deverá ser modificado por deputados e senadores.