O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), deu posse ontem ao ex-tucano Gabriel Chalita (PMDB) na Secretaria Municipal de Educação e selou o acordo eleitoral entre os dois partidos para 2016. O PMDB deve indicar o vice de Haddad na disputa pela reeleição, no lugar do PCdoB, e o mais cotado é Chalita, presidente do diretório municipal do partido.

Em meio a elogios a seu novo secretário, o prefeito afirmou que a nomeação foi feita para ter uma "aproximação maior" com Chalita, apesar de parte expressiva do PT atacar a atuação do pemedebista na Secretaria Estadual de Educação, na gestão do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2003 e 2006.

"É o desejo de aproximação para consolidação de um projeto", afirmou Haddad a jornalistas.

O acordo foi fechado em dezembro e comunicado por Haddad ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer. Segundo o prefeito, a aliança faz parte de um "desejo de somar forças" e de uma estratégia para "o rejuvenescimento da política". Haddad afirmou ainda ser amigo antigo de Chalita e que suas famílias se conhecem. "Nos frequentamos", disse.
O líder do PMDB na Câmara Municipal, vereador Ricardo Nunes, resumiu: "Está selado o acordo para 2016. O PMDB terá a vice", disse.

Além de Educação, o PMDB ganhará Segurança e a Controladoria-Geral do Município. Com isso, Haddad tirou o PMDB do horizonte eleitoral da senadora Marta Suplicy (SP), que está prestes a sair do PT. O prefeito aumentará também o espaço do PSD e do PT na gestão, ao mesmo tempo em que Marta negocia com o Solidariedade, PSB e PR sua filiação para disputar a prefeitura contra Haddad.

Ao ser questionado por jornalistas sobre a provável candidatura de Marta, Haddad disse que "nem sabia da movimentação" da senadora quando conversava com Chalita. "Nossa conversa tem meses. Você acha que você acorda e con-vida um secretário para assumir?"

O prefeito agradeceu durante seu discurso o apoio de Chalita à sua candidatura no segundo turno, em 2012, depois que o pemedebista foi derrotado na disputa pela prefeitura. O prefeito citou também a atuação de Chalita junto à Igreja Católica em 2010, quando religiosos defenderam o voto contra Dilma Rousseff na disputa presidencial, alegando que a petista defenderia o aborto. Ligado à ala carismática da igreja, Chalita fez a ponte entre Dilma e religiosos.

Haddad minimizou as críticas do PT e de entidades de Educação à gestão de Chalita no governo Alckmin. Uma das principais reclamações é sobre a política de progressão continuada. "As pessoas amadurecem. Ninguém é o mesmo dez anos depois. Não funciona assim. É muito arrogante achar que você tem as respostas para a Educação", disse.

O prefeito, no entanto, deixou claro que o pemedebista não fará mudanças profundas. "Chalita não está sendo chamado para decretar uma reforma. Ele está sendo convidado para fortalecer, angariar mais apoio para a gente buscar resultados", disse Haddad, ex-ministro da Educação.

Em um evento concorrido, Chalita fez elogios a Alckmin, lembrou de sua passagem na gestão do tucano e criticou o ex-governador José Serra (PSDB) por ter acabado com as principais marcas de sua gestão como secretário, a Escola em Tempo Integral e a Escola da Família. Em um auditório lotado, na prefeitura, estavam o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, o secretário de Segurança da gestão Alckmin, Alexandre de Moraes (PMDB), o ex-ministro José Gregori (PSDB), o presidente do Tribunal de Justiça, José Renato Nalini, o ex-ministro Alexandre Padilha (PT) além de secretários, deputados e vereadores.

Como prioridade, Chalita disse que "seu empenho prioritário" será o de reduzir o déficit de vagas em Creches e aumentar as vagas em Creches conveniadas.
O secretário anterior, Cesar Callegari, que ficou sabendo de sua demissão pelos jornais, não participou e enviou mensagem desejando bom trabalho a Chalita.