Desde que deixou a presidência do Banco Central, em 2011, Henrique Meirelles (PSD) já apareceu cotado para ocupar os mais variados cargos públicos. Apenas em 2014 foi especulado para concorrer, primeiro, ao governo paulista, depois ao Senado. Ainda no fim do ano passado chegou-se a aventar a hipótese de que sucederia Guido Mantega no Ministério da Fazenda. Nenhum dos rumores vingou. Meirelles, no entanto, segue sendo uma aposta para o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. A Prefeitura de São Paulo é a bola da vez.

Os vereadores do partido foram orientados por Kassab a trabalhar neste ano o nome do ex-presidente do BC para uma possível candidatura na eleição de 2016. A ideia é promover encontros com setores da economia e movimentos sociais para vender a imagem de Meirelles como uma terceira via diante da baixa popularidade do prefeito Fernando Haddad (PT) e da perda de prestígio do PSDB na capital nas últimas duas eleições. Maiores expoentes do partido no Estado, Geraldo Alckmin e José Serra não conseguiram se eleger em 2008 e 2012, respectivamente.

Kassab enxerga em Meirelles um nome capaz de revitalizar a cidade e torná-la a "capital do Hemisfério Sul". A experiência de quase três décadas no setor privado é vista como um trunfo para atração de investimentos externos. "O cenário nos remete a buscar uma terceira via. Meirelles tem crédito no mercado e pode trazer investimentos privados para a cidade em meio a um quadro de incerteza na economia nacional para os próximos anos", diz o vereador Police Neto, líder do PSD na Câmara Municipal de São Paulo e um dos interlocutores do ex-prefeito.

A expectativa, segundo o parlamentar, é de que o ex-presidente do BC possa se tornar para a capital paulista no que o republicano Michael Bloomberg representou para a cidade de Nova York durante os 12 anos que permaneceu no poder. Ao encerrar o mandato no fim de 2013, o ex-prefeito nova-iorquino deixou um legado de infraestrutura, responsabilidade fiscal, queda nos índices de criminalidade e relativa paz racial. Por meio de sua assessoria, Meirelles informou que não comentaria as especulações.

As articulações políticas de Kassab ocorrem no momento em que Haddad promove uma reforma no secretariado de olho na reeleição do ano que vem. Depois de convite feito pelo prefeito, o vereador Marco Aurélio Cunha (PSD) será o novo presidente da SPTuris, empresa de capital misto responsável pelos grandes eventos na cidade, como o Carnaval e a Fórmula 1. A indicação trouxe o PSD para base aliada pouco tempo depois de Kassab ter sido nomeado ministro das Cidades. Police, contudo, afirma que a entrada no governo não significa um alinhamento para 2016.

"Isso não nos impede de termos candidato próprio. Aliás, a recomendação é de termos candidato em todos os municípios com mais de 100 mil habitantes", ressalta o vereador.

Para aliados de Haddad, Kassab especula em torno de Meirelles para negociar no futuro, como fez nas eleições de 2014, quando sinalizou por diversas vezes que o ex-presidente do BC poderia disputar o governo paulista ou o Senado. Em 2011, o novo ministro já tinha dito que o correligionário "seria excelente prefeito de São Paulo".