Na tentativa de fortalecer a atuação do PT no Centro-Oeste, onde o partido tem perdido a maioria das disputas majoritárias desde a primeira eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os partidos que fizeram campanha para a reeleição da presidente Dilma Rousseff no Mato Grosso tentam emplacar o ex-candidato do PT ao governo do Estado Lúdio Cabral no comando da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).

O movimento é visto com bons olhos no Palácio do Planalto, que deseja reforçar a presença na região, onde tem perdido espaço para o PSDB. A última vez que o PT venceu a eleição presidencial nos três Estados do Centro-Oeste e Distrito Federal foi em 2002, com Lula. Em 2006, o ex-presidente ganhou apenas em Goiás e no DF e perdeu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dilma viu o PSDB abrir uma margem de votos na região em suas duas eleições.

Para complicar a situação dos petistas, a oposição ganhou o governo de todos os Estados no ano passado. O PSDB governará o Mato Grosso do Sul com Reinaldo Azambuja e Goiás com Marconi Perillo. O PDT elegeu Pedro Taques (ex-senador que atuava como independente) no Mato Grosso e o PSB, Rodrigo Rollemberg no Distrito Federal.

A articulação, contudo, esbarra na pressão do PP para indicar todos os cargos do Ministério da Integração Nacional. "O PT tem o direito de indicar quem quiser, mas o PP, do jeito que saiu da reforma, com a perda do Ministério das Cidades, tem que nomear também os superintendentes regionais ou não terá nada", diz Roberto Balestra (GO), único deputado federal reeleito pela sigla no Centro-Oeste. O pepista deve apresentar até amanhã para a cúpula do partido um nome para a Sudeco. "O atual superintendente até atende bem os deputados, mas na política é assim, o partido precisa ocupar os espaços que tem disponíveis", diz.

O atual superintendente, Cléber Ferreira, assumiu a Sudeco por uma indicação do deputado Valtenir Pereira (Pros-MT) quando o PSB, que comandava o ministério, rompeu com o governo para lançar a candidatura presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Valtenir Pereira foi um dos deputados do PSB que preferiu trocar de partido para apoiar Dilma.

A favor da articulação do PT está o fato de que o PP fez campanha contra Dilma em praticamente todo o Centro-Oeste - só ficou na chapa de apoio à presidente no Distrito Federal. Ex-vereador de Cuiabá, Lúdio teve duas derrotas seguidas, para a prefeitura da capital em 2012, quando perdeu no segundo turno por menos de 20 mil votos, e para o governo, quando teve a maior votação do PT na história do Estado, com 32% dos votos válidos.

O deputado federal Ságuas Moraes (PT-MT) diz que a intenção do grupo é manter o comando da Sudeco no Mato Grosso. "É um cargo importante para o desenvolvimento do Estado e uma das possibilidades é indicar o Lúdio, que teria papel de destaque na função", afirma. A nomeação foi discutida com o ministro Pepe Vargas, da Secretaria de Relações Institucionais, em reunião com a bancada de deputados do Estado na sexta-feira.

Lúdio desconversa sobre a possibilidade de assumir a Sudeco e diz que essa questão "não está posta na mesa". "Estou voltando à minha rotina como servidor público e, embora algumas lideranças tenham cogitado essa indicação, não tenho a pretensão de assumir cargos em Brasília", afirma. Se o posto fosse oferecido, contudo, ele disse que teria que conversar com os familiares antes de tomar a decisão - a sede da superintendência fica na capital federal.

O órgão virou alvo de disputa mais intensa este ano porque contará com mais estrutura do que tinha no início do primeiro mandato de Dilma. A Sudeco, que teve verba de apenas R$ 3 milhões em 2011, teve regulamentados o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO) e passou a contar com receita de R$ 400 milhões em 2014. Para este ano o Orçamento prevê R$ 1,1 bilhão para o FDCO.

A superintendência é responsável pela gestão de políticas públicas do governo federal no Centro-Oeste e articulação, junto aos ministérios, de obras de infraestrutura e concessão de empréstimos para o setor produtivo, além de gerenciar o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO) e a concessão de incentivos e benefícios fiscais.