A semana será decisiva com relação à crise nos serviços públicos do Distrito Federal. Na manhã de hoje, duas categorias fazem assembleia para decidir sobre paralisação nos serviços. Os servidores da saúde se posicionarão sobre a manutenção ou suspensão da greve iniciada na última sexta-feira, que complicou ainda mais o atendimento na rede pública no fim de semana. Além disso, trabalhadores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) também resolverão se cruzam os braços. Os dois grupos reclamam de atrasos de salários e benefícios. Os médicos, com horas-extras por receber, também ameaçam parar. Por sua vez, profissionais da educação aguardam o cumprimento, na próxima quarta-feira, da promessa de pagamento feita pelo governo — para, então, deliberar sobre a retomada das atividades suspensas a partir de hoje.

No sábado, os funcionários de 104 categorias da saúde receberam um total superior a R$ 400 milhões dos salários do mês passado, que deveriam ter sido liberados até o quinto dia útil (8 de janeiro). O compromisso de pagamento tinha sido feito pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) na quinta-feira da semana passada. Ainda assim, em assembleia geral, os servidores decidiram parar. Eles não ficaram satisfeitos com o pagamento salarial. Querem também a quitação do 13º salário, ajustes salariais e benefícios relativos às férias, além de restos da folha de novembro de 2014. Em reunião realizada na semana passada, os médicos decidiram que, se até o dia 15 o pagamento de benefícios atrasados não for efetuado, a categoria entrará em greve geral.

O Sindicato dos Empregados para se posicionar sobre a paralisação iniciada na semana passada. A presidente da entidade, Marli Rodrigues, ouviu pessoalmente do governador, na sexta-feira, um apelo para que a categoria agisse com bom senso. Ainda assim, a greve fo em Estabelecimentos de Saúde de Brasília (Sindisaúde) marcou para a manhã de hoje, no Hospital de Base de Brasília, assembleiai mantida durante o fim de semana. Quem procurou os hospitais públicos se deparou com uma situação complicada. Unidades regionais ficaram sem médicos e pacientes se submeteram durante todo o dia a fazer grande peregrinação em busca de consulta. Isso tudo sem a garantia de conseguir. Para piorar o momento, a rede também sofre com desabastecimento. Não há medicamentos suficientes para atender todos os procedimentos.

A busca da dona de casa Tamiris Lima Barbosa, 25 anos, perdurava mais de 30 horas. Com dores fortes no estômago, ela procurava atendimento desde o sábado passado. Moradora do Paranoá, ela foi até o hospital da região. Saiu de lá sem atendimento. Os poucos funcionários que trabalhavam na unidade a informaram de que não havia médico. “Não consegui dormir de tanta dor e não consigo uma única consulta para saber o que tenho”, contou. Com o filho de apenas um ano no colo, ela foi acompanhada por sua mãe até o Hospital Regional da Asa Norte. Lá, as duas viram que a situação não era diferente. “A gente sabe que o governo assumiu há pouco dias, e que não dá para resolver a situação deixada pelo outro do dia para a noite, porém é complicado. A população está carecendo da área da saúde no DF”, comentou a empregada doméstica Adeilde Lima, 46 anos.