Título: Analfabetismo zero até 2014
Autor: Lins, Thalita
Fonte: Correio Braziliense, 09/07/2011, Política no DF, p. 32

Agnelo Queiroz lança projeto que pretende ensinar 67 mil moradores a ler e escrever. O programa - que será iniciado em agosto na Estrutural, no Itapoã e nos condomínios Sol Nascente e Pôr do Sol - atenderá, este ano, 10 mil pessoas

Mulheres, com idade acima de 60 anos, solteiras e moradoras de cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como Estrutural, Itapoã e os condomínios Sol Nascente e Pôr do Sol ¿ áreas que integram a região administrativa de Ceilândia. Esse é o perfil da maioria das pessoas que não sabem ler nem escrever no Distrito Federal. Os fatores chamaram a atenção do governo local, que lançou ontem o Programa DF Alfabetizado, cujo objetivo é erradicar o analfabetismo no capital da República até 2014, ano em que a cidade receberá a Copa do Mundo. Capitaneada pela Secretaria de Educação, a iniciativa receberá apoio de outras pastas do governo local, como a da Mulher. "Além de oferecer estudo a essas pessoas, daremos outras oportunidades para combater também a pobreza", declarou o governador Agnelo Queiroz.

Dos atuais 67 mil analfabetos do DF ¿ o equivalente a 3,5% da população ¿ 36 mil são mulheres com mais de 15 anos de idade. Os dados constam do último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2009. Para a secretária da Mulher, Olgamir Amância, além de ajudar as pessoas que não sabem ler e escrever de um modo geral, o programa levará mais visibilidade às mulheres. "O projeto ganha uma maior relevância com uma visão que propicia a participação delas", apontou.

Até o fim do ano, a ação pretende atingir 10 mil pessoas acima de 15 anos. As primeiras turmas do DF Alfabetizado serão formadas no início de agosto, na Estrutural, no Itapoã e nos condomínios Sol Nascente e Pôr do Sol. O método utilizado no processo é o que leva o nome do educador pernambucano Paulo Freire. "O modelo é vitorioso. Não tem sentido a gente ter essa riqueza e não utilizá-la para uma finalidade tão importante", afirmou Agnelo.

Sociedade civil Para que o primeiro passo seja atingido, serão criadas ainda este ano 500 turmas em escolas da rede pública de ensino. Em 2012, mais 25 mil pessoas passarão pelo processo de alfabetização e, as outras 30 mil, em 2013. A iniciativa contará também com a participação da sociedade civil. Até agora, quatro organizações não-governamentais e algumas instituições de ensino superior foram convidadas para participar da ação. Até o fim do projeto, será necessária a atuação de 500 agentes de educação de jovens e adultos (EJA), como estudantes de ensino médio, auxiliares e mobilizadores das comunidades.

Um dos requisitos para se inscrever no DF Alfabetizado é morar próximo ao local onde as aulas serão ministradas. "A matrícula poderá ocorrer em qualquer período e será realizada na secretaria da escola pública da EJA", adiantou o governador. Os alunos poderão estudar nos períodos matutino, vespertino ou noturno. A secretária de Educação, Regina Vinhaes, frisou que a matrícula é um importante instrumento para que os alunos continuem os estudos. "Antes, os jovens e adultos não precisavam se matricular para estudar no EJA. Com o programa, queremos que, ao término da alfabetização, eles continuem na escola", finalizou Regina.

Experiência de vida No processo, o aluno é estimulado a articular sílabas, formando palavras extraídas da sua realidade, do seu cotidiano e das suas vivências. O método estimula a alfabetização dos adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si.